Em Janeiro de 2012 os Departamentos Científicos de Cardiologia e Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgaram um consenso técnico para a realização da oximetria de pulso, também conhecida como Teste do Coraçãozinho. Trata-se de um exame simples, indolor, rápido, que deve fazer parte da triagem de rotina de todos os recém-nascidos somando-se aos já realizados Testes do Pezinho, do Olhinho e da Orelhinha.

O Teste do Coraçãozinho é importante para o diagnóstico precoce de cardiopatia congênita crítica em bebês que nascem aparentemente bem, sem qualquer alteração e que no final da primeira semana de vida ou do primeiro mês de vida, desenvolvem um quadro de choque e/ou hipóxia (falta de oxigênio) podendo evoluir para o óbito precoce antes que haja tempo de instituir o tratamento adequado. O exame realizado pelo pediatra de auscultar o bebê não é o bastante para o diagnóstico, e 30 a 40% das crianças com problemas cardíacos graves podem receber alta da maternidade sem o diagnóstico.

O Hospital e Maternidade MadreCor de Uberlândia seguindo as orientações da SBP já instituiu o Teste do Coraçãozinho na rotina de atendimento aos recém-nascidos, de forma gratuita, antes da alta hospitalar que, em geral, ocorre com 48 horas de vida. De acordo com a coordenadora do setor de pediatria da instituição, Daniela Marques, “o diagnóstico precoce é fundamental, para planejar rapidamente o tratamento e evitar os quadros de choque, parada cardíaca, comprometimento neurológico e óbito. “As cardiopatias congênitas representam cerca de 10% dos óbitos infantis e cerca de 20 a 40% dos óbitos decorrentes de malformações. Melhorar o diagnóstico dessas cardiopatias poderá melhorar também a qualidade de vida dessas crianças e reduzir a taxa de mortalidade neonatal em nosso meio”, complementa.

O exame

O exame é feito por meio da aferição da oximetria de pulso, de forma rotineira, em recém-nascidos aparentemente saudáveis com idade gestacional maior que 34 semanas. “A aferição é realizada no membro superior direito e em um dos membros inferiores, entre 24 e 48 horas de vida, antes da alta hospitalar”, explica a médica.

A pediatra pondera que o exame ainda tem algumas limitações. “Esse teste apresenta sensibilidade de 75% e especificidade de 99%. Sendo assim, algumas cardiopatias críticas podem não ser detectadas através dele, principalmente aquelas do tipo coartação de aorta. A realização do teste também não descarta a necessidade de realização de exame físico minucioso e detalhado em todo recém-nascido, antes da alta hospitalar”, diz.