A atriz Luana Piovani é a estrela da campanha “Eu Assumi”, da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), que convida os doadores de órgãos a se declararem usando uma funcionalidade do Facebook. Isso porque 24 mil brasileiros estão na fila de espera por órgão e apenas a família pode decidir pela doação, sem necessidade de nenhum documento. Ainda assim, em 2013, 47% das famílias entrevistas recusaram a doação, principalmente por desconhecer a vontade do parente. Blogueiros como Marcelo Cidral (do Tumblr “Como eu me sinto quando…”), Mirian Bottan (do programa de televisão “A Liga”) e Mariana Belém (do blog “Mamãe de Primeira Viagem”) apoiam a causa e também já se assumiram na rede social.

“Eu optei por ser doadora de órgãos porque, pra mim, essa questão é muito simples. Se eu não vou precisar mais, por que não ajudar alguém que precisa? É uma opção de vida e eu me sinto lisonjeada de ser uma comunicadora dessa ideia”, explica Luana Piovani. A atriz já se assumiu doadora no Facebook e avisou sua família.

Para o presidente da ABTO, Dr. Lucio Pacheco, é preciso aproveitar o alcance da internet para esclarecer e divulgar o tema. “Há anos estimulamos o debate familiar sobre a doação de órgãos. Quem se declara doador na rede social e menciona os familiares demonstra o desejo de salvar vidas. Caso um familiar tenha que tomar a decisão, ele com certeza atenderá esse último pedido”. Mas o médico alerta, “não basta apenas postar, o fundamental é avisar a família”. Por isso, a ABTO disponibiliza em sua fanpage um tutorial com a Luana Piovani e uma aba exclusiva da campanha, com materiais que facilitam as pessoas a se assumirem doadores para a família, e até para os amigos.

Para se declarar “Doador de Órgãos” no Facebook basta fazer login, entrar na linha do tempo, clicar em “Evento Cotidiano” e selecionar “Saúde e Bem-Estar”. Aí é só localizar “Doador de Órgãos” e “Salvar”.

Para o presidente da Novartis, empresa apoiadora da campanha, o número de doações de órgãos no Brasil aumentará à medida que as famílias passem a falar abertamente sobre o tema. “O Brasil possui o maior sistema de transplantes público do mundo, temos no país uma estrutura de ponta e os melhores profissionais. À medida que mais pessoas demonstrarem a vontade de ajudar, esse cenário de alta recusa familiar deverá mudar”, analisa Adib Jacob.

Para saber mais sobre a campanha e sobre doação de órgãos no Brasil acesse www.euassumi.com.br.

Transplantes no Brasil

O Brasil tem o maior sistema público de transplante do mundo. No país, o SUS é responsável pelos gastos da operação e pelo fornecimento vitalício das medicações necessárias para evitar a rejeição do órgão transplantado. Nenhuma das duas famílias – seja a do doador ou do receptor do órgão transplantado – tem qualquer tipo de despesa com a operação.

Apesar de toda a expertise local, hoje, 24 mil brasileiros ainda aguardam por uma doação capaz de salvar e/ou prolongar suas vidas. Em 2013 o Brasil registrou um marco histórico em número de doadores de órgãos, de acordo com o levantamento da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Foram 13,2 doadores para cada milhão de habitantes (pmp). Apesar do recorde, o número de doadores no país poderia ser muito maior. Dos 8.871 potenciais doadores de órgãos e tecidos identificados no país, apenas 2.526 se tornaram doadores efetivos. O principal motivo é a recusa de 47% das famílias brasileiras entrevistadas.

No país, as informações que constavam no Registro Geral (RG) e na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) perderam a validade em 2000. Em muitos casos, por falta de informação, as pessoas forneciam respostas negativas sem ao menos refletir sobre esse assunto.

Sobre doação de órgãos

Após a confirmação da morte encefálica, um único doador de órgãos salva de oito a 10 pessoas, com o transplante de córneas, coração, pulmões, rins, fígado, pâncreas, pele, ossos e válvulas cardíacas. Em vida podem ser doados: rim, parte do fígado e medula óssea.

Todas as pessoas são consideradas potenciais doadores de órgãos, independentemente da idade ou do histórico médico. O fator determinante para a doação é única e exclusivamente a condição de saúde do doador após a confirmação da morte encefálica. Mesmo doenças sexualmente transmissíveis, exceto HIV, não contraindicam a doação de órgãos, mas podem impedir a doação de sangue e de tecidos.