Não por acaso ela é considerada a segunda melhor empresa para se trabalhar do setor de saúde brasileiro e uma das maiores de biotecnologia do mundo. Nasceu da intenção de atender a uma necessidade crítica: a de prover esperança e tratamento a portadores de doenças raras. ?Temos que fazer uma empresa diferente?. A frase resgata a origem da Genzyme do Brasil, em 1997, e denota a gana da sua presidente, Eliana Tameirão, de transformar e contribuir com a sociedade.
A dedicação concedida durante a entrevista, o impacto de sua presença e evidente paixão pelo que faz é refletido no ambiente da empresa e na satisfação dos colaboradores – hoje 102 diretos e 33 terceirizados -, mensurada nesta primeira edição da Melhores Empresas para Trabalhar em Saúde. Cinquenta por cento elegeram o quesito ?meus valores alinhados com os da empresa? como o mais importante atributo da companhia, seguido pelo desenvolvimento profissional, com 31% de votos.
Dentre valores como ética, transparência, senso de urgência, Eliana investe maior tempo ao falar do comprometimento extraordinário com o paciente e seus familiares. ?Desde o começo, a Genzyme procura ?brilho no olho? para contratar. É preciso vontade e compaixão nessa área, pois lidamos com pessoas que possuem certas debilidades. Temos de ter cuidado para não reforçar a doença, mas dar apoio e saber apontar caminhos?, diz a executiva que também integra projetos sociais como a Artemisia Negócios Sociais, o Centro de Inclusão Social (CAIS) e a recém fundada associação sem fins lucrativos Capitalismo Consciente Brasil, que objetiva questionar o papel das empresas junto à sociedade e gerar líderes mais conscientes.
?Estamos nos século 21 fazendo guerra? Puxando o tapete do outro? Não dá mais para agir assim. Isso já ficou ultrapassado, fora de moda, até brega, eu diria?.
Jeito de ser
Caráter, bom humor e competência são os requisitos básicos para integrar o time de peso da indústria, que detém 47 profissionais graduados, 47 pós-graduados e 51 cargos de chefia.
?É raro a demissão por incompetência. Demite-se por atitudes. Por isso temos muito cuidado e investimento no processo de seleção?, enfatiza Eliana, lembrando também da longa fase de treinamento posterior à contratação. De acordo com a presidente, o jeito Genzyme de ser já está tão enraizado que os próprios clientes apontam quando um funcionário não tem ?a cara? da empresa.
Eliana procura pensar de maneira mais holística, longe do imediatismo de muita corporações. ?Existe a pressão do mercado, das vendas, mas como fazer isso de maneira leve? Não somos máquinas. Meu maior desafio hoje é encontrar formas para que as pessoas tenham a famosa qualidade de vida?, pontua.
De acordo com a presidente, a maneira que a organização lidou com a queda dos negócios no Chile demonstra o diferente modelo de gestão. Ao invés de fechar a operação, o Brasil e Argentina (potencias do mercado latinoamericano) se comprometeram a desempenhar mais, para garantir a continuidade dos trabalhos na região e a permanência de todos os funcionários. ?É uma questão de honra para nós. Nunca contratamos grupos de pessoas para, depois, descartá-las. Temos muita responsabilidade no crescimento delas na empresa?.
O programa de desenvolvimento da liderança colocado em prática com os 12 diretores da farmacêutica é outro exemplo deste comprometimento com o capital humano. Muito além de subsídios para cursos, MBAs, coaching, a proposta é inspirar e promover uma melhor comunicação entre o board através de variadas disciplinas. Para isso, todos param uma vez por mês para ler, discutir e visitar grandes pensadores, artistas, como o filósofo e antropólogo Edgar Morin, o sociólogo Domenico De Masi, entre muitos outros, assim como frequentar eventos culturais.
?Precisamos de líderes seguros, bem resolvidos, que não tenham receio em discutir a relação?, enfatiza Eliana.