Os tratamentos contra as várias formas de câncer infantil, em geral, têm duração prolongada, podendo chegar a dois anos e meio – como no caso da leucemia linfocítica aguda, a mais comum entre elas. Para evitar o deslocamento de uma família que mora afastada de um hospital para o adequado tratamento, o Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (ITACI), hospital ligado ao Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, vem apostando cada vez mais no acompanhamento remoto de seus pacientes por meio de recursos de telemedicina.
?Do total de pacientes atendidos pelo ITACI, 30% vêm de outros estados – o mesmo percentual recebeu alguma forma de tratamento prévio. Alguns moram longe de São Paulo, em estados como Rondônia, por exemplo?, conta o médico diretor clínico da instituição, Vicente Odone Filho, e especialista em câncer infantil do País. ?Para evitar que a família tenha de se mudar para cá, começamos a investir em um programa de orientação médica com telemedicina, que permite discutir os casos e monitorar o paciente a distância?, explica.
De acordo com esse programa, a criança faz o atendimento inicial – e a primeira fase do tratamento no ITACI e depois pode voltar para sua cidade, onde passa a ser acompanhada no dia a dia por um médico local, sob a supervisão da equipe do ITACI. ?A ideia é que ela só tenha de voltar a São Paulo para um exame ou procedimento específico não disponível em sua cidade, como o transplante de medula?, diz o diretor clínico.
O projeto envolve o uso de telefone, internet e outros recursos de telecomunicações disponíveis, que são empregados na orientação e discussão dos casos com os médicos responsáveis pela continuidade do tratamento da criança em sua cidade. ?Nosso objetivo foi estruturar um sistema de atendimento e acompanhamento do tratamento pela internet, que também vem sendo usado no ensino a distância de médicos residentes?, acrescenta.
Hoje, a entidade acompanha cerca de 40 crianças por intermédio desse projeto de telemedicina, que foi iniciado há mais de uma década – em parceria com o Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da USP e com o apoio da Ação Solidária contra o Câncer Infantil. Mas a intenção é intensificar o programa e ampliar esse tipo de atendimento. ?Acredito que temos condições de acompanhar dessa maneira até 25% das crianças que nos procuram?, afirma Odone.