Abolir as planilhas de excel e gerenciar dados cruciais para a vida das pessoas. Essa era a grande necessidade do banco de tecidos do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas de São Paulo. ,13,Esse é um dos seis bancos de tecido músculo esquelético que existem hoje no Brasil. E diferente do de órgãos, não há uma fila única. ?Isso é gerenciado por cada banco?, explica o responsável técnico pela área de Capacitação em Banco de Tecidos do IOT, Luiz Augusto dos Santos. Assim, a ideia encontrada foi desenvolver um sistema especifico para catalogar e gerenciar o banco de tecidos. ,13,O mais inusitado é como essa história surgiu. Um antigo funcionário do departamento do IOT começou a trabalhar em uma empresa de tecnologia, na época a Anflatech ? que teve seu portfólio de produtos e carteira de clientes adquiridos pela TW Tecnologia Saúde no final de 2012- e percebeu a oportunidade de desenvolver um software para gerenciar as filas e todas as especificidades que envolvem o fluxo entre doador e receptor, desde a captação de tecidos até a sua dispensação para a pacientes que serão beneficiados. ,13,A construção do software começou em 2010 e hoje ainda está em fase piloto, mas já é possível apontar os benefícios que trouxe para a gestão do banco do IOT, como agilidade, segurança do registro e até informações sobre reações adversas. O custo do projeto está sendo subsidiado pela própria TW Tecnologia, que pretende levar o sistema para a esfera federal. ,13,TW Tecnologia Saúde
A TW Tecnologia Saúde é uma companhia que oferece softwares de gestão hospitalar, saúde municipal e oncologia, bancos de sangue e de tecidos. A empresa surge a partir da incorporação da carteira de clientes e soluções da Anflatech, no fim de 2012. A TW Tecnologia pertence ao mesmo grupo da TW Assessoria Empresarial, empresa com foco em consultoria tributária na área da saúde. Na foto, o presidente da empresa, Denilson Borges. ,13,Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT)
O Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo completa 60 anos em 2013. O seu banco é de tecido músculo esquelético e como ele há mais cinco no Brasil. Ele trabalha especificamente com osso, cartilagem e tendão, e 80% dos tecidos do banco são utilizados no Sistema Único de Saúde (SUS), a grande maioria das vezes no próprio HC. Ele também fornece tecido para dentistas, hoje representados por 4300 credenciados que podem fazer suas solicitações junto ao banco do IOT. ,13,ENTRE ELOS ,13,O software é desenvolvido em Delphi e o seu ?pai? é o gerente de desenvolvimento Flavio Lichtenstein. O software ainda está sendo usado como fase piloto pelo IOT, o que significa que várias alterações são feitas para atender as especificidades dos próprios tecidos até uma resolução da Anvisa, que pode ter impacto no fluxo gerenciado pelo software. ?Na hora de fragmentar de forma diferente um tipo de tecido, por exemplo, precisa de uma mudança de sistema?, explica. O software faz a rastreabilidade total do nome do doador, das reações adversas, gerenciamento de estoque, coleta e dispensação. ?O sistema gerencia, eticamente, uma fila pelo banco?, diz Lichtenstein. Para a população, os benefícios já podem ser apontados como, por exemplo, a rapidez e agilidade nos registros, mas também com a segurança da rastreabilidade. A parceria envolvendo o IOT, que recebe apoio da Fundação de Ortopedia, e a TW é custeada por ambas. A TW subsidia hoje mais de 50% dos custos e aposta no projeto para expandi-lo e leva-lo ao nível federeal. ?Queremos levar o projeto ao Ministério da Saúde para que isso amadureça e ocorra uma parceria para o Brasil?, diz o presidente da empresa, Denilson Borges. ,13,Diferente de um banco de órgãos, onde existe uma fila única, o de tecidos é gerenciado por cada instituição. Como o banco do IOT só há outros cinco no Brasil, o que faz com que ele seja demandado para suprir outros estados, apesar da maioria da sua produção (80%) ser utilizada pelo próprio HC. Antes do software, os registros eram feitos de forma ?artesanal? com planilhas.?Depois de se perder dados de dez anos, surge a necessidade?, diz o responsável técnico pela área de Capacitação em Banco de Tecidos, Luiz Augusto dos Santos.,13,Também diferente do que ocorre com o transplante de órgãos, cuja rápida captação, transporte e cirurgia são vitais para o paciente, o de tecidos é um processo mais longo. A fila é administrada pelos critérios de ordem de chegada, grau de morbidade e natureza do tratamento. Santos explica que em 2012, por exemplo, foram 2700 mortes de causa encefálicas no estado de São Paulo, o que significa potenciais doadores para o banco de tecidos do IOT, mas desse número houve apenas 180 notificações, ou seja, que passaram pela aprovação da família. Deste número apenas 13 ações foram efetivas com transplantes realizados. Isso ocorre por conta dos critérios rígidos para o tecido fazer parte do banco. Para Santos, os próximos passos é a validação de todo o sistema e incorporá-lo totalmente a rotina do banco. ?Também queremos avançar na pesquisa e educação?, diz, o que com as informações registradas ficará muito mais fácil.