A investigação do surto de intoxicação provocada por Sulfato de Bário (Celobar), contraste utilizado em exames de raio-X, ganhou o prêmio ?Willian H. Foege Award?, concedido pelos Centros para Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. O surto ocorreu em Goiânia (GO) e causou a contaminação de 44 pessoas, das quais nove morreram. Uma das principais medidas adotadas para interromper as intoxicações foi a suspensão da produção, distribuição e comercialização do produto, conhecido comercialmente como Celobar, informa a Agência Saúde. A premiação ocorreu semana passada em Atlanta (EUA) durante a Noite Internacional da Epidemic Intelligence Service Conference, evento promovido pelo governo norte-americano para expor, divulgar e premiar investigações de surtos que tiveram importante impacto em Saúde Pública, em todo o Mundo.
A investigação brasileira, realizada entre os meses de abril e maio de 2003, teve como objetivos descrever o surto, identificar os fatores de risco e recomendar medidas de prevenção e controle, evitando novas contaminações e mortes. O surto foi provocado pela exposição de pacientes ao Sulfato de Bário, um sal insolúvel em água e em gordura administrado via oral ou retal, utilizado em exames radiológicos.
Exames realizados em laboratórios oficiais identificaram que o produto utilizado estava adulterado com a identificação de alta concentração de Carbonato de Bário, que é absorvido pelo ser humano e pode causar reações tóxicas.
Após a administração do Bário, os pacientes rapidamente manifestavam os sintomas, sendo que em algumas pessoas isto ocorreu em menos de cinco minutos. No geral, o intervalo médio foi de uma hora entre a administração do bário e o surgimento dos sintomas. Todos os óbitos ocorreram em menos de 24 horas. Alguns dos sintomas identificados foram náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal, agitação, ansiedade, tremores, arritmia cardíaca e crises convulsivas e coma, entre vários outros.
O prêmio foi entregue a Luciane Zappelini Daufenbach, que integra o Núcleo de Respostas Rápidas em Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde e que coordenou a investigação em Goiânia. O prêmio é um reconhecimento da capacidade de resposta do Sistema Único de Saúde em situações de risco. Também integraram a equipe de investigação técnicos da Secretaria de Estado da Saúde (SES) de Goiás, da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).