Na Itália, durante a pandemia, enquanto as hospitalizações por infarto do miocárdio caíram 50%, a taxa de mortalidade decorrente deste problema triplicou

Referência em cardiologia em Goiás, o Hospital Anis Rassi registrou uma queda de 45% nas internações por Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) entre 15 de março, início do isolamento social no Estado devido à pandemia de Covid-19, e o dia 15 de maio. É o que revela um levantamento feito pelo cardiologista Humberto Graner Moreira, membro do corpo clínico e coordenador da UTI Cardiológica do Hospital Anis Rassi.

A queda refere-se aos atendimentos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital e chama a atenção por repetir um quadro registrado na Itália durante o pico da pandemia naquele país: a redução das hospitalizações por infarto. Mas, engana-se quem pensa que a queda nas internações representa uma redução na incidência de infartos neste período.

Na verdade, essa queda traduz a falta de busca por assistência médica, que pode levar ao aumento nos casos de mortes por infarto. Na Itália, durante a pandemia, enquanto as hospitalizações por infarto do miocárdio caíram 50%, a taxa de mortalidade decorrente deste problema triplicou.

“Em Goiás, temos verificado o mesmo fenômeno, o que é alarmante, pois a demora em procurar atendimento atrasa o tratamento e aumenta o risco de complicações e morte”, observa Humberto Graner. Para evitar a repetição deste grave problema que atingiu a Itália, médicos do Hospital Anis Rassi vêm alertando a população para a necessidade de continuação de acompanhamento e da busca imediata por assistência médica diante dos primeiros sintomas.

No início da semana, o Hospital Anis Rassi já tinha divulgado um alerta sobre o assunto, destacando a preocupação dos médicos com o comportamento de pacientes que deixam de buscar acompanhamento e atendimento médico-hospitalar e acabam tendo o seu quadro clínico agravado pela demora na assistência, o que amplia o tempo de tratamento, onera seu custo e até inviabiliza a chance de cura.

Os médicos ressaltam que doenças cardíacas e problemas, como o infarto, não estão em quarentena e continuam atingindo a população. Apenas em 2020, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, os problemas cardiovasculares já provocaram mais de 150 mil mortes. O estresse e sedentarismo agravados pelo distanciamento social aumentam os riscos destas doenças e exigem ainda mais atenção da população.