Os resultados laboratoriais direcionam 70% das decisões clínicas, impactando na prevenção, diagnóstico, definição prognóstica e no acompanhamento terapêutico; além de auxiliar o monitoramento
das ações de promoção à saúde. É clara, portanto, sua importância e relevância na assistência a saúde.
Mais de 5.000 tipos diferentes de exames laboratoriais são disponibilizados hoje no mercado global. Já é possível a avaliação dos mais de 20.000 genes por meio do sequenciamento do exoma humano. Somente o Rol de procedimentos da Agencia Nacional de Saúde (ANS) disponibiliza mais de 600 diferentes testes em Medicina Laboratorial. É claro, também, que este imenso contingente de informação gerado pelos testes laboratoriais necessita de uma avaliação critica realizada por especialistas, com foco na convergência do conhecimento técnico (performance do método, variáveis analíticas, etc.) com conhecimento clínico (interpretação clínico laboratorial e fechamento diagnóstico).
Recentemente tive a oportunidade de participar como ouvinte de uma apresentação do Dr Laposata. De forma clara e objetiva, o palestrante demonstrou que não é função dos laboratórios “soltar” os resultados de exames para os médicos assistentes, como ?jogá-los? por cima do muro; e sim, derrubar este muro entre clínica e laboratório e entregar laudos laboratoriais objetivos, simples e com conclusões diagnósticas elaboradas na avaliação deste conjunto de informação. Esta tendência está bem demonstrada no artigo publicado pelo CAP (College of American Pathologists) denominado Promising Practice Pathways com a
interessante definição de Serviços Diagnósticos de Alta Performance (High Perfomance Diagnostic Services). Alguns autores já posicionam a especialidade como uma centralizadora de informação, atuando o especialista como um “consultor” na assistência a saúde.
Exemplifico, com um modelo bastante simplista e hipotético de um resultado laboratorial:
Modelo 1.
Exame A: 1,5 ng/mL e Exame B: 5,5 mg/dL
Modelo 2.
Resultado: Realizada a dosagem das substâncias A (1,5ng/mL) e B (5,5mg/dL), com provável alteração na secreção de A por interferência pré-analítica (medicamentosa – exógena) de B.
Não seria diferente para o médico assistente receber estes modelos de resultado laboratorial? Infelizmente nosso modelo vigente de remuneração não inclui esta avaliação, que exige conhecimento e tempo, no custo operacional dos exames, dificultando a implementação desta prática no dia a dia dos laboratórios, diferente de alguns outros países onde há remuneração específica para a interpretação laboratorial.