Quando um casal não consegue ‘engravidar’ durante o período de um ano de tentativas regulares e frequentes, é provável que tenha de recorrer a um especialista em Medicina Reprodutiva para investigar e tratar a causa. Diante de um diagnóstico de infertilidade, em 40% dos casos o problema está relacionado ao homem. Mas muito pouco se sabe sobre como funcionam os bancos de sêmen no Brasil.
De acordo com o doutor Edson Borges, presidente do Instituto Sapientiae, entidade assistencial e educacional sem fins lucrativos criada em 1998, em São Paulo, os bancos de sêmen estão localizados nas clínicas e serviços de reprodução humana – concentrados em sua maioria na região Sudeste. Para garantir a qualidade do sêmen doado são realizados exames para afastar as principais doenças infecto-contagiosas, além de uma rigorosa entrevista com o doador, envolvendo perguntas referentes a possíveis doenças genéticas.
“Determinamos, também, o número de espermatozoides móveis após o descongelamento, a fim de assegurar uma qualidade seminal adequada para ser utilizada em uma inseminação artificial ou fertilização in vitro. O sêmen pode ficar armazenado por muitos anos, sem prejuízo de sua qualidade. Vale ressaltar que tanto as ANVISAs municipais e estaduais, como os Conselhos Regionais de Medicina, adotam uma fiscalização bastante rigorosa nesse sentido”, diz Borges – assegurando que cerca de 10% das inseminações ou fertilizações utilizam gametas doados.
Na opinião do especialista, trata-se de um procedimento ético e bastante simples que, com auxílio das novas tecnologias, possibilita ao casal ter o tão desejado filho, passando por um processo de gestação igual aos demais. “O banco de sêmen seleciona candidatos saudáveis, entre 18 e 40 anos. Para que o futuro bebê seja parecido com o ‘pai’, o sêmen é selecionado de um doador com características semelhantes e grupo sanguíneo compatível”.
Para aumentar a chance de gravidez com o uso da inseminação intrauterina – método mais simples de reprodução assistida – o sêmen congelado deve ter cerca de 40 milhões de espermatozoides com motilidade de pelo menos 60%. De acordo com o doutor Edson Borges, com os avanços das técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV) e a injeção intracitoplasmática do espermatozoide no oócito (ICSI), esses parâmetros se tornaram obsoletos, sendo possível obter gravidez mesmo quando existem raríssimos espermatozoides móveis após o descongelamento. “Isso é especialmente importante no caso de homens com câncer. No momento do diagnóstico, é comum terem sêmen de baixa qualidade. Nesses casos, conduzimos o congelamento do sêmen de modo a garantir a melhor qualidade possível antes do início do tratamento, otimizando as chances de fertilização futura”.
Fonte: Dr. Edson Borges, presidente do Instituto Sapientiae, em São Paulo – www.sapientiae.org.br – e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).
Mais sobre o Instituto Sapientiae
Criado há 14 anos, em São Paulo, o Instituto Sapientiae é uma entidade assistencial e educacional sem fins lucrativos e que atua em três frentes: ensino, formando profissionais na área de Medicina Reprodutiva; pesquisa, gerando inúmeros trabalhos científicos publicados em revistas de relevância nacional e internacional e apresentados em congressos; e assistencial, atendendo cerca de 500 casais ao ano, dos quais em torno de 90 são tratados gratuitamente.
Além do curso de pós-graduação latu-sensu em Reprodução Humana Assistida reconhecido pelo MEC, que é realizado em parceria com a Faculdade de Medicina de Jundiaí, mais recentemente foi criado o curso de pós-graduação latu-sensu de Enfermagem em Reprodução Humana Assistida, com o objetivo de suprir, ao menos em parte, uma grande carência de profissionais da área de enfermagem para atuar especificamente nos serviços de fertilização assistida.
Em todos os cursos de longa e curta duração as aulas são ministradas por professores especialistas, mestres ou doutores titulados por importantes universidades brasileiras (USP, Unicamp, Unifesp e Unesp), bem como do exterior: universidades de Queensland (Austrália), Milão(Itália), e Montreal (Canadá).