A notícia da infertilidade não costuma ser bem recebida nem por homens, nem por mulheres. Mas o sexo masculino parece ter mais dificuldades para aceitar o diagnóstico. A vivência emocional da infertilidade por um homem é extremamente angustiante, uma vez que ainda vivemos em uma cultura machista, onde sinal de ‘ser macho’ é ser um ‘bom reprodutor’. Assim, a incapacidade de engravidar uma mulher pode vir associada mentalmente à falta de masculinidade ou virilidade.
A associação popular entre capacidade de procriação e potência é um dos principais motivos de resistência à vasectomia em nossa cultura. “Essa associação também é responsável pela relutância que alguns homens demonstram no momento de fazer o exame de espermograma, pedido pelo médico”, diz a psicóloga.
Além disso, percebe-se que o diagnóstico de infertilidade masculina acaba por interferir de forma significativa na vida sexual dos homens, podendo-se observar falta de libido, distúrbios ejaculatórios e impotência sexual. Desta maneira, diante de um quadro emocional tão delicado, é preciso cultivar o diálogo aberto entre o casal, tentando trazer para a comunicação verbal o que ainda não conseguiu ser dito. É necessário saber o que cada um está sentindo em relação ao problema que afeta o casal. O processo terapêutico auxilia muito a encontrar a melhor forma de expressão dos sentimentos em relação à infertilidade.
Por Luciana Leis, psicóloga da Clínica GERA, especializada no tratamento de casais inférteis.