Com dados mais recentes, o boletim econômico com informações consolidadas da Associação Brasileira da Indústria Importadora de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares (Abimed), Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), e Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Implantes (Abraidi) mostra que, de janeiro a setembro de 2008 e comparado ao mesmo período de 2009, houve queda de 11% na produção doméstica dos artigos fabricados pelas empresas que compõem estas três entidades, mas com recuperação de agosto para setembro e incremento de 12,5% nas atividades do segmento.
No ramo comercial, as empresas que compõem este grupo foram responsáveis por importações de materiais, suprimentos e equipamentos da ordem de US$ 5,2 bilhões em 2008, mas com queda de 4,5% nas importações totais entre janeiro e outubro de 2009, com relação ao mesmo período de 2008. Apesar disso, foi observado um crescimento de 12% nas vendas de janeiro a setembro.
Para o diretor secretário da Abimed, Reynaldo Makoto Goto, 2010 será um ano promissor. “O número de empregos deve continuar a subir e se manterá acima dos 100 mil postos formais de trabalho, marca recorde atingida no final do ano de 2009 pelas associadas da Abimed, CBDL e Abraidi. Devemos aproveitar o ano de eleições para uma discussão ampla sobre nosso setor, uma vez que “saúde”, pelo menos no discurso, será prioridade de todos os candidatos”, analisa.
No que diz respeito à pirataria, Goto também acredita que 2010 será o ano em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atuará mais fortemente para coibir a prática. “No final de 2009, a Agência apreendeu uma tonelada de material cirúrgico ilegal, o que traz boas perspectivas para a Abimed, que vem combatendo a pirataria e o mercado ilegal de equipamentos usados.”
Representando a indústria nacional, o presidente da Associação Brasileira de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), Franco Pallamolla, também tem uma perspectiva otimista para o setor. “Vislumbramos para 2010 um crescimento de 10% no faturamento da cadeia e conquistas de novos mercados, além da consolidação da marca brasileira na América do Sul. Pretendemos ainda intensificar algumas frentes de trabalho: reforçar a articulação entre governo e setor privado para criar parcerias público-privadas de incentivo à competitividade da indústria nacional, atuar pela desoneração tributária e uso do poder de compra do Estado para fortalecer a produção interna, fomentar o consumo de marcas brasileiras, buscar alternativas para agilizar a aprovação e certificação de produtos e desburocratizar o acesso ao crédito. Temos ainda pela frente um ano eleitoral e a tarefa de acompanhar o cenário político e suas implicações no setor.”
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Artigos e Equipamentos Odontológicos, Médicos e Hospitalares do Estado de São Paulo (Sinaemo), Ruy Baumer, as eleições também ocuparão lugar de destaque nas definições do setor em 2010. “O setor saúde aparece como principal preocupação da população nas pesquisas nacionais. Por isso temos a expectativa de receber investimentos financeiros por parte dos governos estaduais e federal. Vamos continuar trabalhando no sentido de solucionar os problemas existentes, como a desoneração, os altos impostos, os pagamentos atrasados da área pública e ainda algumas dificuldades de inovação e de incentivo à indústria nacional.”
As perspectivas não são tão boas para a indústria farmacêutica. De acordo com análise da revista The Economist, drogas cujas vendas globais somam US$ 133 bilhões perderão a patente entre 2010 e 2012. As grandes farmacêuticas verão o crescimento do mercado de genéricos, que crescerá 5,1% em 2010. Esta conjuntura pode levar às fusões ou aquisições de empresas fabricantes de genéricos por grandes indústrias farmacêuticas, bem como à expansão do conceito “genérico de marca”, já adotado por multinacionais que passaram a dividir suas linhas entre medicamentos patenteados e genéricos.