Inovar é um caminho que não pode ser seguido sozinho em um setor que ainda não está consolidado e que tem a maioria das empresas nacionais preocupada com sua sobrevivência. Há muito que se trabalhar em conjunto para tentar reverter o atual cenário, mas nem adianta sonhar com uma reforma que possa melhorar a vida das indústrias ? pelo menos na visão dos executivos debatedores do primeiro IT Mídia Debates de 2013.
?Não existe uma reforma capaz de atender a todos e, por consequentemente, ela nunca será implantada, porque sempre haverá descontentes?, arrisca Paulo Henrique Fraccaro, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), durante o encontro desta quinta-feira, 24, que discutiu os entraves do complexo industrial da saúde.
Ex-presidente de uma multinacional por mais de 30 anos, Fraccaro aceitou o convite de comandar a entidade, mesmo depois de aposentado, com foco em ajudar a indústria nacional a mostrar a importância do business da saúde no cenário brasileiro. ?Até parece que dentro do governo ninguém fica doente. A gente vê usinas hidrelétricas e outros setores crescendo e sendo apoiados, mas a saúde ainda é deixada de lado, tirando o Complexo Industrial da Saúde, que é uma corrente positiva dentro do governo?, avalia.
O Ministério da Saúde, representado no debate por Paulo Henrique Dantas Antonio, coordenador geral de equipamentos e materiais de uso em saúde do departamento do complexo industrial e inovação em saúde (DECIIS/SCTIE), se defende sob o argumento que o governo trata com importância ações para alavancar a curva de aprendizagem nacional, para que a indústria possa buscar competitividade no mercado. ?Mas não é fácil. Como inserir a saúde nesse contexto econômico e produtivo é um desafio da nossa secretaria?, pontua.
Buscar a inovação é uma das alternativas encontradas para se destacar, porém Antonio acredita que as empresas seguem o caminho oposto do que deveriam: ?É preciso entender que primeiro não é preciso estar com o bolso cheio para depois ser competitivo e, posteriormente, inovar. Se o que a indústria quer é gerar business, então é preciso aproximar retas que no passado eram paralelas e que hoje conseguem ter uma convergência com produtos criados em centros universitários e por meio de conhecimento transferido?, sugere.
Impostos tributados
Outra queixa constante do mercado é os impostos tributados em produtos importados, principalmente em casos de mercadorias que não são produzidas localmente nem mesmo possuem similares nacionais.
Esse é exatamente o caso da Ortosíntese, empresa produtora de implantes ortopédicos, que sempre necessita importar produtos não fabricados no Brasil. ?Acho justo que tenha incidência de impostos tributados, desde que o produto seja fabricado nacionalmente. Mas muito me estranha ter que efetuar este tipo de pagamento por produtos não fabricados aqui como, por exemplo, insumos e matérias primas para implantes ortopédicos. Existem outras ligas que somos obrigados a trazer de fora, e que tem um custo caro. Como se não bastasse, quando chega à alfândega temos de pagar tributos?, conclui Carlos Nakamura, diretor técnico da Ortosíntese.
Para o executivo, essas são questões que deveriam ser revistas. ?Para sermos competitivos não deveríamos ser taxados. Isso encarece muito a matéria prima que compramos?, diz Nakamura, presente na indústria há 23 anos.
Com outra experiência, Djalma Luiz Rodrigues, diretor executivo da Fanem há 51 anos, inaugurou uma filial na Índia nos últimos dois anos e assume que sob esse aspecto de tributação não há o que comparar, já que as leis são diferentes. ?Se for olhar por esse aspecto é por isso que a Índia está nadando de braçadas. Nossa legislação tributária é muito complexa?.
Indústria da saúde: como sobreviver e ser competitivo em meio a tributos
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