Em 2008, Alice Gosfield e o médico James Reinertsen,

publicaram um artigo denominado “In Common Cause for Quality”. A conclusão foi óbvia: “O engajamento do

médico na agenda da qualidade é essencial para a melhoria dos resultados dos

indicadores de qualidade do Hospital”.

Hoje já se consegue até medir o “peso” da caneta do médico em um sistema

de saúde. Recentemente um estudo publicado informou que 80% de todo o custo de

um sistema de saúde se origina na prescrição médica. Charles Kenney neste mesmo

ano lançou um livro muito bom chamado “The

Best Practice” onde fala que “muito pouco aconteçe num sistema de saúde,

sem uma prescrição médica”. O pior de tudo isso, depedendo do ponto de vista, é

que menos de 15% fica com o médico!

Agora, por que não é fácil o engajamento do médico? E como é possível o

engajá-lo?

Em 2007, o Institute for Healthcare

Improvement (IHI), publicou um material muito interessante sobre o porquê é

difícil engajar o médico. Algumas conclusões foram marcantes: o médico tem

foco nas práticas individuais e tem uma crença na responsabilidade pessoal pela

qualidade: “Se nós trabalhamos e

estudamos muito, nós não cometemos erros… logo se eu cometer um erro é porque

não trabalhei ou estudei muito”.

O que temos proposto

ao longo dos últimos anos para aumentar o engajamento dos médicos é monitorar, avaliar

e trazer para discussão o desempenho destes médicos em uma instituição de

saúde, seja hospital, plano de saúde ou SUS.  

Acredito que a

partir do momento que começamos a medir e divulgar o desempenho, conseguiremos a

atenção de todos os envolvidos, principalmente se vincularmos incentivos. E quando

falo em incentivos não falo em incentivos financeiros apenas.

Outro desafio: o que medir?

O segredo está na medição

das ações feitas pelos profissionais para gerar valor aos pacientes e nos seus resultados. Este deve ser o

foco sempre. Além disso, o envolvimento do médico deve ocorrer desde o primeiro

momento, pois ele deve aprovar os indicadores e os padrões de comparação que

serão desenvolvidos. Os indicadores devem ser relevantes, terem solidez

científica e serem viáveis (NCQA, 2011).

São três as premissas

quando formos discutir avaliação de desempenho e, principalmente, se utilizarmos

incentivos: transparência, comunicação e consistência.