Um dos gurus no mundo dos negócios para baixa renda, o professor da Universidade de Harvard Michael Chu avalia oportunidades de investimento no Brasil com recursos do seu fundo, o Ignia Fund, especializado em empreendimentos para as classes C-, D e E.

Setores como saúde, educação e habitação estão entre os que mais chamam a atenção de Chu, que administra um patrimônio de US$ 100 milhões levantado junto a investidores como JP Morgan e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Por enquanto, o Ignia só anunciou investimentos no México.

Segundo Chu, a população de baixa renda no Brasil e outra partes da América Latina já paga, de uma forma ou de outra, por serviços de saude e educação, mesmo quando são oferecidos pelo governo. “Os pobres estão recebendo produtos e serviços muito ruins por seu dinheiro, mesmo quando eles supostamente são de graça.”

“A saúde é garantida pela Constituição no Brasil, mas os mais pobres perdem de seis a oito horas de trabalho na fila para receber o atendimento público”, diz Chu. “Eles certamente estão dispostos a pagar pelo menos cinco horas de trabalho para receber o atendimento.”

Um dos investimentos do Ignia Fund foi feito na Primedic, uma rede com quatro clínicas que atende a população de baixa renda em Monterrey, México. Seu público alvo são famílias cujos membros ganham em média menos de US$ 3,5 mil por ano e estão dispostos a pagar US$ 90 anualmente para ter acesso a uma cesta de serviços básicos de saúde e descontos em serviços mais complexos.

“Cerca de 80% das intervenções médicas representa só 20% dos custos de saúde”, diz Chu. “Diagnosticar se uma mulher tem câncer de colo de útero não é tão caro, o que é caro é a operação.” Segundo ele, o setor privado pode encontrar soluções criativas para dar diagnósticos rápidos e o setor público pode entrar apenas para fazer as cirurgias.

“Mesmo em cirurgia é possível ter soluções diferenciadas”, afirma Chu. “Na Índia, existe um hospital especializado em cirurgia cardíacas com custo de US$ 800 dólares por operação.” Cirurgias para correção de catarata, afirma ele, são viáveis economicamente na Índia com preços a partir de US$ 18.

Na área de saúde, afirma Chu, outro bom exemplo mexicano são as Farmácias Populares, com 4 mil unidades e faturamento de US$ 80 milhões de dólares por ano vendendo remédios. “É altamente lucrativo”, afirma. (AR)

Fonte: Valor Econômico, 17/02/2011

Visite o Site:

http://www.ignia.com.mx/home.php

Vídeo com Michael Chu sobre a importância de investir na base da pirâmide:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=D7LkrfMiP8Q]

Biografia de Michael Chu:

Michael Chu foi nomeado professor titular na Iniciativa de Empreendimento Social da da Harvard Business School, em julho de 2003. Ele também é diretor-gerente do  IGNIA Fund, uma empresa de investimentos sediada em Monterrey, México, dedicada a investimentos em empresas comerciais que servem as populações de baixa renda na América Latina, que ele co-fundou em 2007. Ele continua a servir como conselheiro sênior e sócio-fundador da Pegasus Capital, umafirma de private equity em Buenos Aires, com um portfólio que inclui grandes empresase empreendimentos imobiliários na Argentina.

Antes da Pegasus, como Presidente e CEO da ACCION International, uma corporaçãosem fins lucrativos dedicada ao segmento de microfinanças, Chu trabalhou no desenvolvimento de serviços financeiros para os setores de baixa renda como umnovo segmento de bancos capaz de retornos expressivos. Ele participou da fundaçãode várias instituições de microcrédito regulamentadas financeiras e bancos de toda a América Latina, incluindo o Banco Solidário, que sob a sua presidência foi o banco mais rentável na Bolívia, no Peru e Mibanco Banco Compartamos, que, após seu IPOna Bolsa Mexicana de Valores em 2007 foi incorporada índice que Bolsa.

Chu se formou com um AB (Menção Honrosa) de Dartmouth College e recebeu um MBAcom a mais alta distinção (Baker Scholar) pela Harvard Business School.