Em fevereiro deste ano, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octávio Frias de Oliveira (Icesp), tornou-se o primeiro hospital público do País 100% digital. Um dos alicerces dessa base tecnológica é a utilização do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). Nele informações clínicas e administrativas são geradas e gerenciadas de forma inteligente para que as operações do hospital ? que em 2011 foi responsável por 561 mil atendimentos ? seja realizada da melhor forma possível, aproveitando ao máximo os recursos públicos destinados à entidade. A adoção dessa tecnologia vai muito além de apenas a necessidade de concentrar todas as informações do paciente em uma única base de dados. O diretor de operações e tecnologia da informação, Kaio Jia Bin, explica que desde o início do projeto, a arquitetura do hospital já contemplava a TI como um dos pilares para a segurança do paciente. ?Um prontuário eletrônico completo é, além de uma ferramenta de gestão clínica do paciente, uma ferramenta administrativa e operacional. Optamos por esta ferramenta também por ela estar totalmente integrada com a operação do hospital?, acrescenta Bin.
Como parte do Hospital Information System (HIS) do Icesp, o prontuário eletrônico utilizado é capaz, por exemplo, de identificar todo o tipo de conduta médica relacionada a um paciente, como a administração de medicamentos. ?Pelas informações que estão no sistema, eu consigo saber qual medicamento foi solicitado por um médico, o horário em que deve ser dado, quem preparou e qual foi o enfermeiro que administrou o medicamento?, exemplifica o diretor de operações e TI do Icesp.
De acordo com Bin, além dessa rastreabilidade aumentar a segurança do paciente, na esfera administrativa é possível ter o controle dos estoques do hospital, uma vez que são inseridas nesse mesmo sistema todas as informações sobre os materiais disponíveis no hospital. A consequência disso é a redução de desperdício e o controle sobre possíveis desvios de medicações de alto custo.
Outro motivo que levou a instituição a adotar a ferramenta foi a geração de informações estratégicas para o planejamento do Icesp. Segundo Bin, devido ao mapeamento das necessidades dos novos pacientes atendidos na entidade, dentro de alguns meses, será possível suprir novas demandas por meio de recursos predeterminados. ?Esses dados farão com que direcionemos nossa atenção para as áreas mais necessitadas. O próximo passo é cruzar essas informações clínicas com as administrativas como:  quantidade de consultórios utilizados, disponibilidade de salas cirúrgicas e leitos disponíveis.?
As informações geradas a partir do PEP poderão auxiliar até na construção de uma nova torre, uma vez que as necessidades do hospital já estão mapeadas. O executivo explica que com o sistema integrando as informações é possível criar um modelo virtual e simular a demanda desse novo prédio. ?Isso só é possível graças à uniformidade de dados sob um único sistema.?
O Icesp foi buscar seu prontuário eletrônico no mercado e optou pelo Tasy, da multinacional holandesa Philips. ?O negócio principal do hospital é atender o paciente, e não criar sistemas. Se o hospital partir para o desenvolvimento de sistemas, chegará o momento em que a limitação de recursos fará com que a instituição escolha entre o desenvolvimento de software ou a compra de medicamentos?, avalia o executivo.
O diretor de operações e TI conta que o desenvolvimento do Tasy pelo fornecedor ocorreu de forma gratuíta para o hospital.  Além da Philips, outros parceiros também participaram da implementação do PEP no hospital: a Certisign e e-val, na área de certificação digital e a Evolução, parceira da Philips na implantação do Tasy.
Além do suporte, a TI do Icesp possui outro papel dentro da instituição, que é o de analista de negócios. O objetivo desse profissional é discutir novos processos dentro da entidade, pois, segundo Bin, não há mudança de processos sem que ocorra uma mudança de sistemas de informação no hospital. Atualmente, embaixo do guarda-chuva da TI estão a gestão de todas as recepções, ambulatórios e leitos e salas cirúrgicas.
Atualmente, 1,6 mil estações de trabalho têm acesso ao Tasy, e cerca de dois mil profissionais de saúde possuem a certificação digital para acessar esse sistema.
Após a implementação do PEP, 94% das cirurgias oncológicas canceladas com 24h de antecedência são substituídas, fazendo com que os recursos alocados para os procedimentos cirúrgicos não sejam desperdiçados. ?Uma cirurgia cancelada significa que um grupo de médicos, enfermeiros, leito e sala cirúrgica ficarão ociosos por um determinado período, e o custo disso é muito alto para o hospital, aumentando também o tempo de espera por cirurgias de outros pacientes, que poderiam estar usando aquele espaço e tempo?.