Criado em 1921 graças à iniciativa de 27 senhoras sírio-libanesas que arrecadaram 480 mil contos de réis, o equivalente a cerca de R$ 84 mil nos dias atuais, segundo o Valor Data, o Hospital Sírio-Libanês começa hoje uma nova campanha para doação de recursos. A meta é arrecadar nos próximos três anos R$ 150 milhões que irão custear uma parte das despesas operacionais e da expansão do hospital, que praticamente dobrará de tamanho até 2013 e demandará um investimento total de R$ 650 milhões.

“Essa é a quarta vez na história do Sírio-Libanês que fazemos uma arrecadação junto à sociedade. Agora é um momento importante e de despesas altas porque vamos entregar 85 mil m2. É uma área muita parecida com os atuais 97 mil m2 erguidos em 90 anos de hospital”, disse o médico Paulo Chapchap, superintendente de Estratégia Corporativa do Sírio-Libanês.

A segunda arrecadação aconteceu no início dos anos 60, quando o prédio do hospital foi devolvido pelo governo à entidade mantenedora do Sírio-Libanês e demandou grandes reformas e adaptações para abrigar instalações médicas. Nos primeiros 38 anos de existência, o prédio do Sírio não funcionou como hospital e sim como uma escola de cadetes por conta da 2ª Guerra Mundial. Somente após esse período é que o prédio foi efetivamente transformado em seu projeto original.

A última doação ocorreu na década de 1980 e os recursos foram destinados para a construção de uma torre de apartamentos, inaugurada em 1992.

Todos os doadores que colaboram com o hospital são reconhecidos publicamente, uma vez que ganham placas de homenagem afixadas nas paredes dos corredores, em lobbies, centros cirúrgicos, entre outros ambientes do hospital. Nessa fase de modernização, as tradicionais placas de metal estão sendo trocadas por placas de vidro.

Cerca de 80% dos doadores são pessoas-físicas e a maioria é de ex-pacientes e seus respectivos familiares e não, necessariamente, da colônia sírio-libanesa, segundo Chapchap. “O benemérito deixa um legado ao ajudar construir um hospital. Além disso, ao doar ele não está pensando em contrapartidas como restituições no Imposto de Renda. Infelizmente aqui no Brasil, o abatimento no IR é mínimo”, disse.

Ele lembra que nos Estados Unidos os hospitais, como o Memorial Sloam-Kettering Cancer Center, podem aplicar os recursos doados e investir apenas os rendimentos. “A doação torna-se perpétua”, ressaltou o médico.

Neste ano, a previsão é que a receita do Sírio seja de pouco mais de R$ 800 milhões. Em 2010 somou R$ 760 milhões.

Foto: Paulo Chap Chap, Superintendente de Estratégia Corporativa do Hospital Sírio-Libânes

Fonte: Beth Koike, Valor Econômico, 05/12/11