O Hospital São Paulo, vinculado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), suspendeu nesta segunda-feira (02) todas as cirurgias eletivas (agendadas) porque está desde março sem receber o repasse do governo federal referente ao Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf).
De acordo com reportagem do O Estado de S. Paulo, a decisão foi tomada na sexta-feira pelo conselho gestor do hospital, após sua assessoria financeira apontar a necessidade de um plano de contingência para diminuir as despesas nos próximos 40 dias. A situação será reavaliada a cada 48 horas. A Assessoria de imprensa da entidade confirmou as informações e prepara um comunicado ao mercado.
Em entrevista ao Estadão, o diretor-superintendente do hospital, José Roberto Ferraro, afirma não conseguir honrar a folha de pagamento, comprar remédios, comprar insumos e pagar comida sem ter essa verba de custeio.
O Hospital São Paulo é um dos maiores do País em atendimento de pacientes do SUS. A ordem da direção é para que os departamentos de todas as especialidades não chamem mais nenhum doente para ser operado.
Segundo Ferraro, a unidade faz uma média de 2,8 mil cirurgias por mês, das quais 1,5 mil são de pacientes agendados – aqueles que serão afetados diretamente pela medida. As demais são cirurgias de pacientes que já estão internados.
Atualmente o Hospital São Paulo tem duas fontes principais de recursos: parte vem da prestação de serviços ao SUS, que é de cerca de R$ 9 milhões por mês, e parte é o recurso federal proveniente do Rehuf. Essa verba é vinculada ao cumprimento de metas e é repassada para o hospital em duas parcelas por ano – o que representa cerca de R$ 5 milhões por mês.
Ferraro explica que os valores referentes a investimentos (para reformas, por exemplo) estão sendo repassados. O problema estaria no repasse da verba de custeio. Segundo ele, esse é um recurso programado que deveria ter sido liberado em março. Dessa forma, o diretor afirmou ter de suspender as cirurgias menos urgentes.
O problema não é exclusivo do hospital universitário da Unifesp. Outros centros ouvidos pelo Estado também reclamam de atraso no repasse de verbas do Rehuf.
Em Curitiba, o Hospital das Clínicas acusa endividamento e diz que manterá o serviço de atendimento apenas enquanto os fornecedores mantiverem as entregas.
Em Natal, o Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, já havia suspendido as cirurgias eletivas por causa da greve dos servidores, mas admite que o atraso tem causado transtornos.
*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo