Bem longe de casa – mais precisamente da tranquila ilha St. Simons, na costa da Georgia (EUA) -, de sua mulher e também dos cinco filhos, o norte-americano Larry Meagher, acostumado com negócios desafiadores, veio trazer ao Brasil seu conhecimento, de mais de 40 anos, sobre a área hospitalar. Há oito meses, o bem-humorado ?gringo? aceitou o convite do amigo José Luiz Bichuetti, superintendente da Associação Congregação de Santa Catarina, para assumir a diretoria executiva do Hospital Santa Catarina (HSC), principal mantenedor da rede filantrópica, que possui atuação também em educação e assistência social. Antes dele, esteve Denilson de Santa Clara, como diretor interino, no lugar do Manoel Navarro Borges, que deixou a instituição após 14 anos.,13,Com um portunhol desenvolto, próprio de um americano que fez história no México e, agora, tenta falar português, Meagher carrega importantes experiências na gestão de instituições sem fins lucrativos como é o caso do Saint Mary Hospital, em Connecticut (EUA), do Baylor University Medical Center, em Dallas (EUA), do complexo American British Cowdray (ABC), no México, entre muitos outros. ,13,Eficiência
Munido pela respeitada trajetória, Meagher encara com entusiasmo sua meta de – grosso modo – tirar o HSC do vermelho, situação esta que há dois anos abala a sustentabilidade do grupo de 30 entidades beneficentes. ?No margin, no mission? (sem margem, sem missão), repete seu preceito rumo ao superávit, que deve ser sustentado pelo tripé: qualidade, segurança e pessoas, como faz questão de enfatizar ao longo da conversa. ,13,Apesar de não divulgar o déficit, ele revela que 2013 começou com um corte entre 5% a 10% no orçamento e reestruturação em praticamente todas as áreas para que, dessa forma, a projeção de faturar R$ 480 milhões seja alcançada. ,13,Mexer na relação com as operadoras foi o aspecto prioritário para o executivo, que mantém conversas frequentes com a SulAmérica, Bradesco Saúde, Amil e Unimed, donas de cerca de 60% da receita do Hospital. ?A conversa com as operadoras, hoje, é muito difícil no Brasil. Novas propostas de compensação estão sendo discutidas?, conta o diretor, habituado com o modelo de pagamento por desempenho dos prestadores, comumente praticado nos EUA, e ainda uma promessa no Brasil. ,13,Mesmo sem defender nenhum novo modelo de remuneração em específico, Meagher acredita que ajustes nessa relação são necessários em prol da eficiência assistencial. ,13,Enquanto o projeto piloto de um modelo alternativo de pagamento entre hospitais e operadoras está sendo testado por um grupo coordenado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o executivo se concentra em ?cortar gordura? das mais variadas áreas e respectivos processos para, no fim, reduzir o tempo médio de internação dos 4.4 dias para 3.4 dias. ?Se conseguirmos reduzir em um dia, o que é um grande desafio, criaríamos aproximadamente 90 leitos, ou seja, mais vagas e menores pressões nos custos?, explica. Atualmente a entidade, localizada na Avenida Paulista, região de grande concentração hospitalar da capital, opera com cerca de 85% de taxa de ocupação. ,13,Recursos Humanos
Para resolver a difícil equação de reduzir custos e aumentar a qualidade e segurança, o novo diretor fez questão de escolher a dedo lideranças responsáveis pela condução do projeto. ,13,Uma área de qualidade e segurança foi criada e a médica Camila Sardenberg nomeada como diretora para gerenciar indicadores, avaliar os sistemas e estruturas de trabalho, assim como promover a educação continuada. ,13,A diretoria administrativo-financeira foi desmembrada em três: Operações, com Denilson de Santa Clara; Finanças, liderada por Ricardo Faggion; e Planejamento, Emilio Herrero Filho. ,13,?Faggion não vem do setor hospitalar, eu quis alguém com experiência múltipla, com talento, sem um olhar viciado?, conta Meagher. ,13,Além disso, importantes promoções para cargos de gerência no deparamento de enfermagem também foram essencias para a reestruturação, segundo Meagher. ,13,O comprometimento do time é consequência, segundo o americano, dos valores humanos da instituição, capitaneados pela diretora geral do Hospital Santa Catarina, irmã Rute Redighieri, presente na entidade desde 1963. ,13,?A irmã assegura que façamos a ?capela? uma vez por semana?, brinca, ressaltando a importância de uma governança corporativa aliada à sensibilidade das Irmãs de Santa Catarina, fundadoras da Associação Congregação de Santa Catarina (ACSC) em 1906. ,13,Hospital Santa Catarina (HSC)
Hospital sem fins lucrativos
Fundação ? 1906
Área construída 61.513 m²
Corpo clínico aberto
Acreditado pela Acreditação Canadense e ONA III
Leitos operacionais ? 233
Leitos de UTI ? 94
Médicos cadastrados ? 7.332
Funcionário ativos ? 2.227
Internações ? 13.708
Receita Bruta ? R$ 446,1 milhões