Realizado no Hospital Ilha do Leite, em Recife (PE), o procedimento, conhecido como “awake craniotomy”, além de apresentar resultados positivos em relação ao tempo de recuperação, permite que o cirurgião tenha a localização em tempo real de regiões funcionais do cérebro

Em agosto, a equipe de neurocirurgia do Hospital Ilha do Leite, do Hapvida em Recife (PE), realizou, pela primeira vez, um procedimento cirúrgico diferente do método tradicional. Conhecida entre os especialistas como “awake craniotomy”, a cirurgia é realizada com o paciente acordado, o que permite que o cirurgião tenha a localização em tempo real de regiões funcionais do cérebro, perceber os sinais e, ainda, a preservação destas regiões.

A neurocirurgiã Maria da Penha Mendes Mariz, profissional do Hapvida que esteve à frente da equipe que realizou o processo, afirmou que o procedimento é indicado para tumores cerebrais em áreas eloquentes, que correspondem às regiões motoras, sensitivas e de linguagens. De acordo com a médica, o paciente ficou completamente lúcido durante o processo. “O paciente tinha um tumor em uma área de linguagem. Realizamos a cirurgia no dia 21 de agosto de 2019, e foi feita a ressecção completa da lesão, ou seja, a remoção completa do tumor”, afirma Maria da Penha. “O paciente realizou a ressonância durante o procedimento cirúrgico completamente consciente. Ele conversou, leu e chegou até a fazer cálculos enquanto a cirurgia ocorria”, complementa a neurocirurgiã.

O tumor de Iraguassu Dantas, de 19 anos, paciente do Hapvida que realizou a cirurgia, estava causando crises convulsivas de difícil controle. Desde os seus oito anos de idade, quando realizou a biópsia, o jovem vinha sendo medicado para controlar o problema. No entanto, segundo a neurocirurgiã Maria da Penha, a medicação que ele estava tomando, além de não resolver o problema, vinha comprometendo o aprendizado do garoto. Rosineide Dantas, mãe de Iraguassu, conta que o filho teve uma recuperação muito boa e rápida. “Ele está ótimo, já está falando! A recuperação foi realmente muito rápida”, conta a mãe. Para Iraguassu, o mais importante foi resolver o problema. “Eu lembro de todo o procedimento. Conversei, Li… E o melhor de tudo foi conseguir resolver as crises de convulsão. Eu tinha crises todos os dias, e agora não tenho mais”, comemora Iraguassu.

A técnica da cirurgia com o paciente acordado apresenta bons resultados em relação ao tempo de internação, retorno às atividades cotidianas e o controle das recidivas tumorais. Iraguassu teve alta uma semana após o procedimento. ” O paciente apresentou uma rápida recuperação e não apresenta nenhum distúrbio de linguagem. Também está controlando as crises convulsivas. O período de uma semana foi apenas para que pudéssemos monitorar as crises convulsivas que ele tinha diariamente e que hoje não tem mais”, complementa Maria da Penha.