A contratação e qualificação de profissionais de saúde é um dos grandes desafios do setor. A falta de mão-de-obra ainda é agravada com a necessidade de outras indústrias e o crescente aumento de vagas em setores aquecidos, como o comércio e serviços. Com esse quadro, praticamente não há instituição que não considere o problema algo essencial para ser resolvido em busca do melhor atendimento e diferenciação.,13,Para resolver essa equação, a Associação Hospital de Caridade Ijuí (RS) adotou uma solução inovadora, com custos irrisórios e grande adequação ao momento atual de complexidade tecnológica e educação aprimorada no setor. A instituição criou uma Incubadora de Aprendizagem para a área de Enfermagem, para desenvolver habilidades que não são contempladas pelos cursos profissionalizantes.,13,O conceito de incubadora é tradicional no setor de empreendedorismo. O modelo consiste em desenvolver qualidades inatas e introduzir melhorias no aprendizado que resultam na formação de talentos sintonizados com os desafios do mercado. ?Aqui, os profissionais passam 21 dias úteis em contato com processos internos e conhecem nossos sistemas tecnológicos. Isso garante que, ao sair, eles estejam aptos a encararem a rotina do hospital com o melhor de sua produtividade?, explica a gerente de enfermagem e coordenadora do programa, Carla Vianna. O projeto já incubou 80 enfermeiros e somente quatro foram reprovados. A expectativa é que esse número de recusados caia ainda mais no decorrer dos próximos meses.,13,A principal dificuldade na formação vinda dos cursos normais e que é aprimorada pela incubadora mostra claramente a falha de aprendizado com que o setor convive. A ampla maioria dos profissionais de enfermagem que chega nunca viu um ERP pela frente e não sabe como o sistema pode agilizar e padronizar processos internos. E isso ocorre em uma geração que praticamente nasceu envolvida por computadores, smartphones e internet.,13,Na incubadora, quem não atinge 80% de aproveitamento permanece no programa para se aprimorar.  Essa característica evidencia também as falhas na formação profissional com que o setor tem de conviver e a reformulação necessária para resolver a situação.,13,O lado bom é que isso fortalece instituições que têm como prioridade o desenvolvimento de talentos, a colaboração e a inovação no DNA. Para o diretor executivo do HCI, João Luiz Leone de Senna, acreditar que os novos profissionais já chegam prontos para lidar com a evolução tecnológica e administrativa dos hospitais de hoje é um grande erro. ?É com a incubadora que eles conhecem a importância da tecnologia e dos processos para a segurança da atividade assistencial, principalmente no leito?, comenta. De acordo com o executivo, ?os profissionais perderam o medo de errar porque têm a base de formação necessária para ter certeza do que estão fazendo?.,13,A ideia da incubadora surgiu após um reconhecimento da importância da tecnologia da informação (TI) básica para a formação profissional e a aceitação de que os cursos não dispunham de recursos para resolver isso. ?Com isso, ganhamos um profissional satisfeito e com entusiasmo para realizar seu trabalho. Essa confiança é algo que existe e não está expressa nos números?, completa.,13,A diferença entre a tecnologia de uso pessoal e a de uso institucional é grande e relegada a segundo plano pelas empresas. Saber mexer num smartphone ou tablet não garante que o profissional vá saber lidar com sistemas internos e monitoramento digital dos pacientes. A aceitação desse paradigma foi essencial para o hospital criar a incubadora, mas permanece um desafio para demais instituições de saúde.,13,Mesmo após a confirmação de que esse paradigma existe e é um problema, o  caminho até a incubadora foi complexo. O hospital adotou estratégias consagradas no mercado para suprir a falta de conhecimento. Mas os modelos pecavam pela precariedade de trato com processos internos e intimidade com os sistemas. Vários projetos e melhorias foram implantados visando a qualificação profissional, mas todos apresentavam deficiência frente à complexidade e transformação pela qual passa o setor de saúde.,13,O desafio maior da incubadora daqui para frente é se desenvolver de acordo com o próprio sucesso. O hospital aloca somente um profissional enfermeiro para o trabalho. A demanda e os resultados são tão bons que a necessidade de multiplicar isso é essencial para a continuidade. Os próximos passos da incubadora incluem a necessidade da existência de dois enfermeiros para atuar na formação do corpo de enfermagem, para atender a demanda das novas contratações e realizar a reciclagem dos colaboradores antigos do departamento.  Mas o bom desempenho da qualificação profissional focada é tanto que a continuidade do projeto está garantida.,13,O Hospital l de caridade de Ijuí se destaca por conseguir sanar as deficiências de formação do setor, além de diminuir a rotatividade de profissionais, cuidar da formação de lideranças e competências estratégias, com foco na competitividade da operação.