Equipamentos para a desinfecção de máscaras e ambientes, além de impressões 3D de dispositivos para auxílio na assistência estão entre as inovações implantadas pela instituição
Buscando superar alguns desafios impostos pela pandemia de Covid-19, o Hospital Anis Rassi, de Goiânia (GO), investiu em criação e inovação para tornar o trabalho dos profissionais da saúde mais eficaz e, principalmente, para proporcionar mais qualidade na assistência e segurança a pacientes e colaboradores.
Assim, diante de dificuldades em encontrar equipamentos de proteção individual (EPIs) no mercado, a equipe de Engenharia Clínica e Manutenção do hospital desenvolveu um equipamento que desinfeta as máscaras N95, também chamadas de PFF2. De acordo com a nota técnica 04/2020 da Anvisa, que libera a reutilização dessas máscaras de uso único, o hospital se viu na obrigação de criar algo que promovesse a qualidade dessa reutilização.
Trata-se de uma caixa que utiliza lâmpadas “germicidas” do tipo ultravioletas tipo C (UV-C), de 254 nanômetros de comprimento de onda, capazes de desabilitar os micro-organismos, como explica o gerente de Engenharia Clínica do Hospital Anis Rassi, Marcelo Moura. “Vários estudos de universidades brasileiras e estrangeiras já comprovaram que os raios ultravioletas desativam o vírus”, explica o especialista.
Porém, a máscara precisa estar íntegra, sem nenhum dano, como rasgos e sujeiras, segundo ordena a Anvisa. O processo de desinfecção também não prolonga a vida útil do EPI por mais de 14 dias, mas descontamina e melhora as condições de reuso das máscaras durante esse período.
A criação da equipe focou na qualidade em todos os detalhes. “A máquina possui um temporizador para expor a máscara pelo período necessário para desabilitar o vírus. Tem ainda um sensor que protege os colaboradores, para que os raios UVC não atinjam o rosto e o corpo dos mesmos, pois esses raios são maléficos para a pele e visão de quem opera o equipamento”, explica Marcelo.
Impressora 3D e criação
Outros equipamentos que se tornaram difíceis de encontrar com a pandemia foram as máscaras VNI (Ventilação Não Invasiva), que são essenciais para o atendimento de pacientes com dificuldades respiratórias e para evitar que precisem de um ventilador pulmonar, em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“Quando o departamento de compras do hospital apontou o problema da falta de máscaras VNI no mercado, procuramos por máscaras de mergulho para adaptação, foi quando vimos que os italianos haviam tido uma ideia semelhante e nos inspiramos neles”, explica o engenheiro.
O Departamento de Engenharia do Anis Rassi já possuía uma impressora 3D, que era utilizada para a impressão de peças diversas, mais a título de estudos e pesquisa. Então, esse equipamento 3D passou a ser usado também para a impressão de válvulas, que foram utilizadas para adequar as máscaras de mergulho para a utilização tanto com o ventilador pulmonar no módulo de VNI, quanto em outro aparelho de ventilação, o BiPAP.
Outras impressões feitas são de itens simples, mas que auxiliam muito no dia a dia dos profissionais do hospital. “Foram criados clipes para colocar nas máscaras e impedir o embaçamento dos óculos, além de extensores que evitam que os elásticos machuquem as orelhas”, cita Marcelo Moura.
Desinfecção de todo o ambiente
Mais um investimento em segurança foi outro equipamento que também utiliza os raios ultravioletas, mas para desinfetar ambientes. Marcelo Moura explica que o funcionamento é semelhante ao do equipamento criado para esterilizar as máscaras.
“São utilizadas as mesmas lâmpadas, mas com uma potência maior. Nós evacuamos o ambiente e colocamos o equipamento no local e ligamos por cerca de 30 minutos com intervalos e mudanças de posição, para que todas as áreas sejam atingidas”. No entanto, ele ressalta que esse procedimento não substitui a higienização padrão do hospital.
Outro objetivo da instituição é não deixar essas inovações restritas ao Anis Rassi. Segundo o diretor Técnico Médico, Raimundo Nonato Diniz Rodrigues Filho (CRM/GO – 12140), as criações podem ser compartilhadas com outras unidades de saúde.
“Nesse momento de pandemia, não tem como não contribuir de maneira colaborativa. O Marcelo tem trazido soluções de utilização adequada do recurso, sem se esquecer de tratar de maneira mais humanizada todos os pacientes que adentram o hospital. Portanto, acreditamos que essas inovações possam ser replicáveis e utilizadas por outras instituições”, afirma Raimundo Nonato.