Oncologistas clínicos, urologistas, cirurgiões oncologistas, patologistas, radiologistas, radioterapeutas e demais profissionais envolvidos no manejo e tratamento interdisciplinar aos pacientes com câncer de próstata e de rim participarão do capítulo IV do Curso de Imersão em Oncologia Brasil-Itália, no A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo. A programação científica está disponível em www.accamargo.org.br/evento-detalhe/imersao-oncologia-urologico/137
O evento, que acontecerá no sábado, dia 24, é promovido pela instituição brasileira em parceria com o Istituto Nazionale Dei Tumori di Milano (IRCCS), da Itália. Nos capítulos anteriores as atenções estavam voltadas para os cânceres de mama, colorretal e fígado. Durante o curso, que terá ao todo sete capítulos, especialistas de diferentes áreas se reúnem em pequenos grupos para atividades in loco e discussão de condutas. A coordenação geral deste capítulo sobre câncer de próstata e rim é do oncologista clínico do A.C.Camargo, Aldo Lourenço Dettino e do urologista italiano Mário Achille Catanzaro, do IRCCS.
PRÓSTATA – O câncer de próstata é o tipo mais comum da doença na população masculina, representando 22% dos tumores malignos diagnosticados nos homens no Brasil. São estimados para 2014 mais de 68 mil novos casos no país, segundo o INCA. De acordo com o oncologista clínico Aldo Lourenço Dettino, a abordagem terapêutica varia de acordo com o estadiamento da doença, suas características biológicas, bem como as condições do paciente (idade, comorbidades e risco de efeitos colaterais como impotência sexual, infecção urinária e infertilidade). Para doença em fase inicial – estadios 0 a 2-, adota-se, comumente, terapia local (basicamente cirurgia minimamente invasiva) combinada ou não com hormonioterapia. Para fases mais avançadas da doença os protocolos apontam para hormonioterapias de variadas formas e, dependendo da evolução da doença, associado com quimioterapia ou alguma estratégia específica de tratamento sistêmico (quimioterapia, hormonioterapia e terapias-alvo).
Rafiomárcaos e hormonioterapia – Dentre as novidades em câncer de próstata que serão debatidas no Imersão em Oncologia está o radiofármaco radium 223 (Alsympca), aprovado em 2013 pelo FDA – agência americana que regula o uso de medicamentos – para homens com câncer de próstata metastático resistente a castração ou com metástase óssea. Ele visa tratar localmente a metástase, sem atingir as células sadias. Injetado na veia do paciente, com fácil aplicação, tem demonstrado ser um método seguro, trazendo menor toxidade do que outros radiofárcamos e, por poder agir associadamente à quimioterapia, é mais eficaz. “Outros tratamentos diminuíam as defesas do organismo e não permitiam essa interação com a quimioterapia”, destaca Dettino.
O especialista acrescenta que nos últimos dez anos uma grande quebra de paradigma foi o surgimento de quimioterapias que promove o aumento da sobrevida global de pacientes com doença avançada. Alguns destes medicamentos são o docetaxel, abiraterona, enzalutamida e tamidala. São novos agentes hormonais que possuem diferentes mecanismos de ação. A terapia hormonal é indicada se o paciente não puder realizar cirurgia ou radioterapia, ou se a doença não puder ser curada por estes procedimentos pelo fato do câncer já ter se disseminado além da próstata. “Outras indicações são o paciente ter recidivado (a doença ter voltado) após a cirurgia ou radioterapia; como complemento à radioterapia caso o paciente tenha um alto risco de recidiva ou também antes da cirurgia ou radioterapia para tentar reduzir o tamanho do tumor”, detalha Aldo Dettino.
Cirurgia robótica e HIFU – A indicação mais comum de cirurgia com uso do robô Da Vinci é para tumores de próstata. Os principais benefícios são oferecer melhor visualização do tumor, menos sangramento, dor e menor tempo de internação. Já o HIFU robótico, primeiro e único equipamento do país – em funcionamento no A.C.Camargo – é uma técnica – assim como o Da Vinci – minimamente invasiva. O HIFU trata o câncer de próstata de forma focalizada, destruindo os tumores sob uma temperatura de 90 graus. Objetivo é diminuir os danos sobre os tecidos e órgãos mais próximos da próstata, reduzindo os riscos de impotência e de incontinência urinária.
Vigilância ativa – Dentre as discussões propostas pelo urologista Mário Achille Catanzaro, do IRCCS, está o conceito de vigilância ativa, que consiste em oferecer um monitoramento intenso ao paciente que embora tenha o diagnóstico de câncer de próstata poderá, de acordo com a indolência do tumor, não necessitar ser tratado num primeiro momento. Este procedimento é uma estratégia para se lidar com pacientes de baixo risco para câncer de próstata agressivo. Em linhas gerais adota-se uma conduta bastante criteriosa para incluir um paciente na vigilância, como haver até duas biópsias positivas, em não mais do que 50% desses fragmentos, positividade de Gleason 6 e PSA abaixo de 10, com toque normal e não haver nódulos grosseiros no exame. “É uma forma de selecionar os verdadeiros candidatos, para não pôr em risco esses pacientes”, destaca o urologista Gustavo Guimarães.
CÂNCER DE RIM – Com uma das maiores experiências do país em câncer renal, o A.C.Camargo Cancer Center realiza, anualmente, uma média de 300 nefrectomias (cirurgias para retirada do rim). A boa notícia é que 7 entre 10 pacientes diagnosticados com câncer renal na Instituição apresentam doença em fase inicial (estádios I e II), quando não há invasão de estruturas adjacentes e as cirurgias acabam sendo menos complexas e mais conservadoras. Um dado importante é que 80% destes pacientes que fazem o diagnóstico precoce estão vivos cinco anos após o tratamento. Sobrevida esta que é significativamente superior aos casos diagnosticados tardiamente, em estádios III e IV, que variam de 20% a 60% de sucesso no tratamento, dependendo da extensão da doença.
Dentre os motivos apontados pelos especialistas para o alto índice de diagnóstico precoce está a difusão de exames de imagem como ultrassonografia, tomografia ou ressonância magnética, que são realizados inicialmente para outras finalidades. “Estes achados são muito importantes, pois o câncer de rim costuma ser assintomático na fase inicial. Quando há sintomas como dor, sangramento ou tumor já palpável, estamos basicamente falando de doença avançada”, destaca Gustavo Guimarães, cirurgião oncologista e diretor do Núcleo de Urologia do A.C.Camargo.
Embora assintomático na maioria dos casos, o câncer de rim pode apresentar alguns sintomas que precisam ser observados, dentre eles dores lombares, sangramento urinário, hipertensão arterial e massa palpável, emagrecimento, febre e sudorese. Os principais fatores de risco são elevados índice de massa corpórea, hipertensão arterial, tabagismo, uso de anti-hipertensivos, dietas ricas em gorduras e carnes vermelhas, além da história familiar deste câncer ou síndromes hereditárias de risco para câncer de rim como a síndrome de Von Hippel Lindau. A prevenção consiste em manter hábitos saudáveis de vida, evitando os fatores de risco descritos e por meio da monitoração precoce de pacientes com história familiar.
Heterogeneidade – Uma característica a ser destacada ao longo do Imersão em Oncologia será o fato do câncer de rim ter um perfil heterogêneo, com subpopulações celulares que diferem entre si. “Esta heterogeneidade demanda tratamentos individualizados, sempre buscando oferecer ao paciente o mais eficaz e menos tóxico possível. Um fator altamente positivo é que hoje temos drogas como sorafenibe, sunitibe e pazopanibe, que podem ser usados como tratamento de primeira linha”, destaca Aldo Dettino.
Segundo o especialista, em média a taxa de resposta para os tratamento de primeira linha é de 40%, com aumento da sobrevida livre da doença. Dentre os medicamentos de segunda linha disponíveis para câncer de rim está o everolimus, aprovado em 2012 pelo FDA para tumores avançados resistentes ao modelo de tratamento de primeira linha.
O curso de Imersão em Oncologia 2014 está dividido em sete módulos. Os próximos enfatizarão melanoma (agosto), câncer ginecológico (setembro) e câncer de Cabeça e Pescoço (novembro).
SERVIÇO
Imersão em Oncologia Brasil-Itália 2014
Capítulo IV
Realização: A.C.Camargo Cancer Center e Istituto Nazionale dei Tumori di Milano
Data: 24 de maio de 2014
Horário: das 8h às 16h45
Local: A.C.Camargo Cancer Center – 6º andar da Torre Hilda Jacob
Endereço: Rua Professor Antônio Prudente, 211, Liberdade, São Paulo – SP
Informações e inscrições: http://www.accamargo.org.br/evento-detalhe/imersao-oncologia-urologico/137 Cobertura de imprensa: [email protected]