Cibersegurança na saúde é um tema bastante presente no HIS – Healthcare Innovation Show. No primeiro dia desta 10ª edição, o Palco Tecnologia e Dados explorou amplamente o assunto, com a palestra “Cibersegurança auxiliando no cuidado com o paciente” sob o comando de Leandro Ribeiro, gerente de Segurança da Informação do Hospital Sírio-Libanês.
Um ataque cibernético pode comprometer não só sistemas administrativos, mas também cirurgias, medicamentos e até a admissão de pacientes. “Cibersegurança é uma peça-chave na assistência ao paciente, mesmo que indiretamente”, explicou Ribeiro.
O executivo também moderou o painel “Mais tecnologia, mais vulnerabilidades: a cibersegurança em foco nas estratégias das instituições do setor”. Alexandre Domingos de Sousa, diretor de Segurança da Informação, Privacidade e Continuidade dos Negócios da Dasa; Cássio Menezes, diretor de Segurança e Infraestrutura de TI da Amil e Ademir Henri Souza, supervisor de TI do HC/ FMUSP estiveram no debate.
Espaço Networking conquista o público
As exposições de Ribeiro, no período da manhã, provocaram dúvidas que puderam ser esclarecidas mais tarde com ele próprio no Espaço Networking, novidade este ano no HIS.
“A experiência de estar no Espaço Networking foi fantástica, porque trouxe as pessoas que querem saber mais sobre cibersegurança. A gente ouve falar do assunto, mas muitas vezes os profissionais não estão disponíveis para falar. Quando as pessoas podem vir para trocar informação, fica muito mais fácil de entenderem quais são os próximos passos e como podem ajudar a instituição onde atuam”, ressalta.
Um ambiente dedicado a conexão de profissionais que compartilham interesses comuns. Espaço, desenhado para facilitar a interação e o networking de qualidade, com discussão de temas relevantes de uma forma mais próxima.
Rafael Loureiro, diretor de Inteligência artificial do governo do Paraná, gostou da experiência. “Até pouco tempo, estava assistindo à palestra do Leandro no Palco Tecnologia e Dados. Aí já queria vir ao Espaço Networking para participar de uma conversa, mas não sabia que seria com ele. De repente, vi o Leandro, foi espetacular ter esse acesso”, conta Loureiro.
Já Paloma Nunes, analista de dados do HSPE – Hospital do Servidor Público Estadual, veio apenas visitar o HIS e se surpreendeu com a oportunidade. “Foi muito especial, porque quando não pude assistir ao congresso, então aproveitei esse momento para conhecê-lo, aprender e tirar dúvidas, porque estou começando na carreira.
Nesta edição, os visitantes e congressista têm a opção de colar ‘tags’ na credencial com suas áreas de interesse – Líderes em Inovação, Cibersegurança, Inteligência Artificial, Startups, Experiência do Paciente e Interoperabilidade. Uma maneira mais fácil de identificar os interesses de quem está no evento.
A urgência de formação e parcerias
Ribeiro trouxe à tona um cenário preocupante: a América Latina enfrenta um déficit de mais de 720 mil profissionais de cibersegurança, uma lacuna que tende a crescer nos próximos anos. E, quando se olha para o setor da saúde, o desafio é ainda maior. “Muitos profissionais de segurança acabam migrando para bancos ou grandes multinacionais, atraídos por salários mais competitivos e pacotes de benefícios, deixando o setor de saúde carente desses especialistas”, afirma.
Há três anos no Hospital Sírio-Libanês, o executivo tem aproveitado a estrutura educacional, por meio da faculdade da instituição, para fomentar a formação de novos profissionais na área. Além disso, atua como coordenador do Alma Cyber Security Summit, também do hospital, e diretor de Cyber Security e Proteção de dados da Abcis – Associação Brasileira CIO Saúde.
A colaboração entre instituições é outro ponto essencial para a cibersegurança no setor de saúde. “Não existe concorrência em cibersegurança”, afirmou Ribeiro, enfatizando a importância do compartilhamento de informações entre hospitais para se protegerem contra ataques cibernéticos globais.
Ribeiro pontuou que a criação de uma comunidade de segurança, regulada por frameworks como o NIST, é um passo necessário para enfrentar as ameaças, especialmente num cenário onde o custo global do crime cibernético pode atingir US$ 10,5 trilhões até 2025.
Ribeiro finalizou o bate-papo destacando a necessidade de regulamentação e conscientização no Brasil. Mencionou a dificuldade de órgãos, como a ANPD – Autoridade Nacional de Proteção de Dados, em lidar com a quantidade de incidentes de segurança sem uma estrutura adequada. Para o executivo, a solução passa por unir forças e desenvolver uma comunidade de cibersegurança robusta no país.