Administrar um hospital universitário com quase 800 leitos não é tarefa fácil, já que entraves políticos e econômicos podem criar obstáculos à gestão. O fato de o Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA) ter se tornado referência no setor espelha uma trajetória de 40 anos, impulsionada principalmente pela crença na necessidade de inovação tecnológica e por um modelo diferente do adotado na maioria dos hospitais universitários do Brasil.

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Segundo o presidente da HCPA, Amarílio Vieira Neto, o hospital foi criado como uma empresa pública de direito privado e está desvinculado administrativamente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

“Esse modelo foi pensado na década de 70. A instituição é 100% pública, tem capital público, é ligado ao Ministério da Educação e academicamente à UFRGS. Porém, 4600 funcionários são contratados em regime CLT. Outros 290 são professores e têm vínculo trabalhista com a universidade”, explica.

O serviço ambulatorial e os consultórios do HCPA atendem exclusivamente ao Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, dos 791 leitos do HCPA, 104 estão numa ala dedicada a atendimentos privados e por convênios, que correspondem a 11% das internações. Esse total gera em torno de R$ 26 milhões por ano ao hospital, recurso que, segundo Neto, é aplicado para melhorar o atendimento dos outros 89%. Com esse adicional, o hospital consegue oferecer serviços além dos contratualizados: realizam 130% a mais de consultas, 160% de cirurgias e 300% a mais de exames laboratoriais.

“Mais pacientes do SUS são atendidos, cobertos em parte pelo orçamento dos serviços privados”, diz Neto. “Conseguimos adquirir até alguns remédios que o serviço público não cobra. É uma coisa meio Robin Hood”.

Vanguarda em TI

“O HCPA tem um sistema de informática há 25 anos, quando informática em saúde nem era moda”, lembra. Segundo o presidente, o hospital foi galgando degraus por se preocupar com o prontuário do paciente, que hoje é 100% eletrônico. Os médicos também possuem assinatura digital, por meio de um crachá com chip.

Além disso, uma equipe traduz o sistema de Aplicativos de Gestão Hospitalar (AGH) do HCPA para os outros 45 hospitais universitários do Brasil. A tarefa deve ser finalizada em dois anos.

O sistema de informática desenvolvido ajuda a garantir a segurança do paciente, chave para o alcance da certificação da Joint Comission International. Para obter a aprovação, o hospital busca envolver a equipe nesse processo que, segundo Neto, é o maior tesouro do hospital. “O tempo médio do funcionário na empresa ultrapassa dez anos”, garante.

Com o surgimento de novas especialidades médicas, a instituição contratou uma consultoria para prospectar salários do mercado. Entre as especialidades que entraram no plano de cargos do HCPA, está a de engenheiro ambiental, refletindo a preocupação da instituição com a sustentabilidade.

Para alcançar uma gestão exitosa como a do HCPA, Neto sugere ser necessária uma mudança estrutural em diversas instituições.

“O modelo de hospital universitário que temos não é efetivo e o regime jurídico único não vai dar conta de enfrentar todas as demandas de um hospital terciário moderno. Somos hospitais de ensino e você não pode ensinar o profissional em uma instituição ruim”, avalia o executivo. “É impensável ter grandes corporações que pensam que estamos privatizando a saúde. O Hospital das Clínicas é público e nosso modelo deve ser pensado para a futura implantação em nossos coirmãos.”

 

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