Nesta segunda-feira a ANVISA anunciou um pacote de medidas para tentar acelerar a liberação das milhares de cargas médicas que ficaram retidas nos portos e aeroportos durante o período de greve, causando desabastecimento, ainda que parcial, do mercado. A própria associação nacional dos hospitais privados e outras associações de classe chegaram a divulgar tal desabastecimento e a ANVISA, levianamente, tentou mascarar isso da população. Bem, o deslocamento de fiscais do setor de Portos, Aeroportos e Fronteiras é como mangueira em jardim em tempo de estiagem: ajuda, mas não resolve. O que ajuda é fazer chover. E obviamente, a ANVISA não se preparou minimamente para o período pós-greve. Nunca há um plano de contingência que deveria ser obrigatório por lei. Apressou-se, sim, em negar todos os problemas que a greve de seus servidores estava causando ao país.

Aliás, consolidou-se como persona non grata. Poucas coisas são unanimidade e alguém já disse que a unanimidade é burra. Mas nesse caso, é fato. E uma unanimidade mal vista pelo mercado regulado que tem que se curvar a uma Agência mal preparada, que nunca responde às necessidades desse mesmo mercado e que rotineiramente desrespeita a lei. E na ponta, sofrem sempre os que menos podem nessas circunstâncias: os pacientes. Essa história da greve, aliás, me trouxe à memória um fato que o querido Comandante Rolim (TAM Linhas Aéreas) contava: ele teve um tumor na garganta e o Médico o informou dizendo que ele não se preocupasse porque o tumor era benigno. Ao que ele prontamente respondeu: benigno porque não é na sua garganta.

Pois é, tumor na garganta dos outros é refresco. E, infelizmente, assim agiu a ANVISA ao entrar e manter a greve, prejudicando milhares de pacientes. Incrível que o Ministério Público não tenha se pronunciado. Vale relembrar que durante a greve de 2006, a própria Agência obteve uma liminar em 20/04/06 obrigando a continuidade dos trabalhos, em resposta à Ação Cautelar (2006.61.00.008263-9). A decisão, então, foi proferida pelo MM. Juiz Djalma Moreira Gomes, da 25ª Vara Cível. Nada como o tempo e as ?mangueiradas? no jardim?