Um rol de valores institucionais consolidado, um código de ética acessível a todos e um conselho de administração atuante garantem a governança corporativa nas empresas. Correto? Apenas em parte. Na verdade, o conselho de administração é conseqüência da implementação da governança corporativa, enquanto os valores e o código de ética só têm validade se, mais do que discurso, se constituírem em práticas institucionais.

O conceito de governança corporativa, tão em voga atualmente, depende de muitos fatores e da maturidade das lideranças de uma organização. Está diretamente ligado à ética e à sustentabilidade e subentende a postura da empresa em permitir à sociedade o acesso a informações relevantes sobre seu próprio desempenho – daí não poder ser dissociado de um quarto conceito, a transparência.

Como fazer governança corporativa? Não há receita pronta, porém, o processo obrigatoriamente começa por uma revisão – e, se necessário, uma revolução – na estrutura organizacional. Neste ponto, é importante ressaltar que a busca pela governança corporativa se dá prioritariamente em empresas familiares (independentemente de seu porte ou ramo de atuação), uma vez que, nas grandes organizações, a governança já está implícita, em grande parte por conta das próximas exigências do mercado, como a abertura de capital, que tem dentre seus requisitos a transparência quanto à gestão, por exemplo.

E é justamente nas empresas familiares que a governança corporativa encontra barreiras mais fortes e difíceis de contornar (que dirá de derrubar). Afinal, compreensivelmente, muitas vezes o fundador ou herdeiro de um negócio dessa natureza resiste à possibilidade de deixar a condução de sua empresa nas mãos de “estranhos”. Porém, na atual lógica do mercado, mais importante do que perpetuar o nome da família na condução de uma empresa, é possibilitar a continuidade do negócio em si. O que não elimina a presença do fundador ou de seus herdeiros. Pelo contrário, o que se vê em muitas organizações que já implementaram a governança corporativa é o controle principal dos fundadores, porém com uma gestão profissionalizada, conduzida por administradores altamente especializados.

Para que isso seja possível, é imprescindível que se dê autoridade ao administrador ou consultoria especializada para que possam, efetivamente, gerir a empresa com um olho na cultura organizacional e outro no mercado. Assim, a governança corporativa possibilita uma melhor gestão de pessoas, com eficiência, competitividade e foco nas oportunidades de expansão do negócio.

Outra etapa a ser cumprida para o êxito desta iniciativa é o alinhamento da estrutura da empresa às estratégias de longo prazo. Criatividade e inovação também devem entrar nesta mistura e, se necessário, a própria reestruturação da estratégia. Daí a importância de se contar com profissionais experientes, que tenham conhecimento da empresa, do mercado e da concorrência e não atuem baseados puramente na intuição.

Devido a todas essas peculiaridades, fica claro que a instauração da governança corporativa não é algo que se obtenha da noite para o dia. Pelo contrário, muitas vezes, é preciso uma geração para que a concepção, a evolução e, finalmente, a implementação da governança sejam concluídas com sucesso.

 

*Genésio Korbes é Administrador Hospitalar, tem MBA em Gestão Empresarial e é Sócio da Korbes Consulting

A opinião do artigo aqui publicado reflete unicamente a posição de seu autor, não caracterizando endosso, recomendação ou favorecimento por parte da IT Mídia ou quaisquer outros envolvidos nesta publicação.

Você tem Twitter? Então, siga http://twitter.com/SB_Web e fique por dentro das principais notícias do setor.