Recentemente, demonstrei o Google Glass em um encontro tecnológico para 30 pessoas. Não fiquei na frente da sala e projetei o que via em uma tela através do Glass em uma parede da sala. Por dois minutos de ?uso? do Glass, o pessoal formou um fila. A última pessoa esperou pacientemente por uma hora.

Com todos foi como se uma luz se acendesse sobre suas cabeças, o que, a bem da verdade, não fica muito longe da realidade. Após todos terem usado, as conversas giravam em torno de: ?Como o programo?? (HTML5 Web ou Java Android), ?Tive uma ótima ideia para um aplicativo!? (Legal!), e, é claro, ?Como consigo um desses?? (Acredito que tenha que esperar até 2014). Para todo o burburinho, os prós e os contras sobre o Glass, é realmente necessário experimentá-lo para entender.

O Google Glass é um protótipo de um computador que é possível usar. Não é ?glasses? (óculos, em inglês; N. da T.). É Glass (vidro, em inglês; N. da T.), no singular. Não é uma tela transparente de realidade aumentada entre você e seu mundo. Quando focada, o que acontece poucas vezes enquanto você o usa, é um monitor de 25 polegadas de diagonal, flutuando. Responde a comandos de voz (?OK, Glass?), inclinação de cabeça (você olha para cima, a tela aparece), e um toque na haste do lado da têmpora direita.

Se os olhos são a janela da alma, o Google Glass é o inverso ? um pequeno daemon (em computação, monitor de execução e de disco; N. da T.) a postos, observando e esperando. Em ciência da computação, um daemon é um processo de fundo que acorda quando é preciso executar alguma tarefa. Na mitologia, daemons eram anjos da guarda pessoais que ajudavam a proteger aqueles a quem serviam.

Mas o que esperar do Glass? Essa é na verdade a pergunta de 6,4 bilhões de dólares (sendo humilde), se se as especulações do mercado forem plausíveis.

Atualmente, o Glass parece com o Linux da primeira vez que o baixei e o instalei. Havia poucos aplicativos, mas veja o Linux agora. (Aliás, Glass tem base Android e o Android tem base Linux.). O Glass apenas terá sucesso, e eu realmente acredito que terá, se houverem muitos aplicativos úteis e atraentes, chamados de Glassware, quando chegar às prateleiras.

Agora, me focando no título da notícia… O Glass se tornará o autocorretor para sua vida? Na maioria das vezes, os algoritmos dos autocorretores dos smartphones preveem ? tanto corretamente, quanto de forma útil ? o que desejamos digitar. Em vez de observar o que você está digitando, o Glass observará uma série de ações necessárias em seu dia a dia. Esse pequeno daemon estará observando, aprendendo, proferindo, reaprendendo, sendo instruído e, gradualmente, se tornando em um anjo da guarda confiável e indispensável.

Isso será um pouco estranho, por vezes perturbador e, ocasionalmente, até mesmo perigoso. Mas não vejo isso travando a tecnologia inteligente usável; da mesma forma que o lado negativo dos trens, aviões e carros não pararam a tecnologia dos transportes.

De fato, o Glass é até o momento, a manifestação pura do que enxergo como nossa metaplataforma digital de compartilhamento, uma plataforma de plataformas: tecnologia social, móvel, analítica, nuvem (cloud), workflow e linguagem.

Social: integração com o Google+, Twitter, Facebook, etc.
Móvel: tão móvel quanto você.
Analítica: como você acha que ele aprende o que fazer para você?
Cloud: óbvio.
Workflow: veja abaixo.
Linguagem: ?Ok, Glass, now?? (em inglês: ?Muito bem, Glass, agora?)

Por que o workflow merece uma avaliação
Das tecnologias SMACWL (social, móvel, analítica e cloud, com as quais adicionei workflow e linguagem), apenas o workflow realmente precisa de uma defesa para a inclusão em um metaplataforma emergente.

Workflow é uma série de etapas que consomem recursos (nesse caso, nossa atenção) para chegar a um objetivo. A tecnologia workflow é representada por executável de declaração IF (se) e CASE (caso) no código do computador, e que é armazenado em um banco de dados para consulta e execução por um mecanismo de workflow. Alguns sistemas prescrevem o que o usuário pode fazer (pense em gráficos de decisões), enquanto outros se focam no que os usuários não podem fazer (pensem em restrições e violações).

A tecnologia workflow se apoia em processos analíticos para aprender o que provavelmente acontecerá em seguida, assim esses sistemas podem iniciar automaticamente a tela correta ou a opção correta de comando de voz no momento correto. Algumas vezes ? isso cada vez é mais verdadeiro ? pessoas que não são programadoras podem até mesmo inspecionar e editar esses modelos de processos.

Para o Glass chegar ao sucesso, acredito que será preciso que muitos apps Glassware ? particularmente em saúde ? tenham autoadaptação sofisticada e filtros, prioridades e workflows que possam ser personalizados pelos usuários.

* por Charles Webster, da InformationWeek Hardware USA
** Tradução: Alba Milena, especial para o InformationWeek Brasil