A evolução do custo saúde impulsionado pela entrada de novas tecnologias e envelhecimento da população trouxe aos gestores de RH o desafio de administrar o benefício mais popular entre seus colaboradores com “punhos de ferros e luvas de seda”

Se por um lado, a assistência médica subsidiada interfere potencialmente na atração e retenção de talentos de uma empresa, por outro, o benefício já representa o segundo maior gasto das empresas, atrás apenas da folha de pagamentos.

Especialistas são unânimes em afirmar que o benefício deve ser muito bem monitorado e que a implementação de algumas ações contribui para reduzir essa conta.

Determinar coparticipação (quando usuário paga um percentual das despesas com consultas e exames), monitorar pacientes crônicos (idade elevada, sedentarismo, hereditariedade, colesterol alto, fumo, obesidade, hipertensão e diabetes) e investir em programas de qualidade de vida são as práticas mais comuns e já demonstram que os resultados não são de longo prazo.

A resposta a esse desafio parece estar na gestão do benefício saúde de modo mais completo, não apenas garantindo funcionários mais saudáveis e conscientes, mas também assegurando que eles receberão o tratamento adequado e livre de “surpresas” em casos de necessária intervenção hospitalar.

Parece óbvio, mas não é. 

Estima-se que as mortes e os prolongamentos de internações relativos ao tratamento assistencial inadequado gerem desperdícios superiores a 30% e que já representem mortalidade superior a causada por acidentes automobilísticos, câncer de  mama ou AIDS. São exemplos exemplos de práticas assistenciais inadequadas: queda do leito, estubação, confusão com pacientes homônimos, cirurgias em membros errados, erros de dosagem de medicação ou troca de medicação entre pacientes, etc.

As conseqüências atingem todo o sistema. Além do incalculável sofrimento que está sujeito quem é vítima da assistência inadequada, para aquele que administra os custos operacionais de uma, os danos também são amplos e passam por administrar o incremento de custos, absenteísmo e afastamento prolongado do funcionário.

Segundo a Associação Brasileira dos Profissionais de Controle de Infecção, um paciente que adquire uma infecção durante o tratamento, permanece, em média, mais sete dias na unidade de terapia intensiva. Em virtude da enorme quantidade de interações medicamentosas, é também na UTI que as maiores probabilidades de eventos indesejáveis estão alocadas.

Um estudo elaborado pelo Instituto de Benefícios Integrados dos Estados Unidos demonstra que nas empresas 76% dos gastos indiretos relacionados à saúde se devem à queda de produtividade diretamente ligada ao absenteísmo e aposentadoria precoce.

Os números são assustadores, mas o conforto vem de algumas instituições de saúde que preocupadas com o desperdício e com a evolução da assistência no Brasil, passaram a investir em rigorosas práticas de controle de qualidade e de gestão.

O trabalho que desenvolvem consiste em identificar antecipadamente quais são os riscos possíveis durante o atendimento de um paciente e estimular a melhoria contínua dos processos internos a fim de evitar que esses riscos se tornem realidade.

Por essa iniciativa, recebem o certificado de Acreditação. Conferido por uma agência transparente e idônea, o certificado passa a ser para o usuário a garantia de que naquela instituição há, potencialmente, menores taxas de infecção, de reinternação, eventos não desejáveis  e erros assistenciais.

Há cerca de cem instituições acreditadas no Brasil. Mas é dever do gestor de empresa responsável pela coordenação e contratação do plano de saúde saber quem são as instituições acreditadas disponíveis na rede credenciada que contratou.

Enquanto a política de contenção de custos se restringir aos programas de qualidade de vida e coparticipação, os resultados permanecerão ineficazes no longo prazo.

*Gilmara Espino é consultora e sócia da empresa GPeS Comunicação Estratégica em Saúde Ltda. e coordenadora da iniciativa Acreditação: Questão de Segurança em Saúde

 

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