Para algumas mulheres, a maternidade não passaria de um sonho há algumas décadas. Que o diga Janeilma Borges, 33 anos, na reta final de uma gravidez gemelar. “No terceiro mês precisei fazer um procedimento para fechar o colo do útero e apresentei reação à anestesia. Por volta do sétimo mês, desenvolvi diabetes gestacional, um risco tanto para mim quanto para os bebês”, compartilha.
O fator decisivo para Janeilma foi um modelo cada vez mais difundido no País. Trata-se da assistência à gestação de alto risco. “Ao identificar fatores que podem comprometer a gravidez, o obstetra responsável pelo pré-natal encaminha a futura mamãe ao serviço especializado, que atuará em parceria com ele”, descreve Dra. Raquel Armond, coordenadora do Programa de Assistência à Gestação de Alto Risco do Hospital Anchieta, em Taguatinga.
Ação e Reação – Entre os fatores que desencadeiam interrupções na gestação e prematuridade estão: abortamento habitual, alterações do volume do líquido amniótico, doenças infecto-parasitárias, epilepsia, nefropatias, obesidade e tromboses venosas. “No caso de Janeilma, havia dois importantes aspectos: a própria gravidez gemelar e o diabetes”, esclarece Dra. Raquel.
Uma vez inserida no programa, a gestante passou a ser atendida por seu médico e por uma equipe interdisciplinar. “Nossa proposta é de integração entre os profissionais. Para tanto, utilizamos um prontuário único, de forma que o médico assistente tenha acesso a todos os registros feitos por nossa equipe e vice-versa”, afirma a coordenadora. O parto usualmente é realizado pelo obstetra da paciente. Contudo, dado o perfil das gestantes, o programa mantem plantão 24 horas.
“Além do acompanhamento, recebo orientações contínuas e tenho um espaço para sanar minhas dúvidas. O programa do Hospital Anchieta tem me ajudado muito”, conta Janeilma que, para manter o diabetes sob controle, passou por uma reeducação alimentar. A assistência ao alto risco, no caso do Anchieta, engloba também a fase de puerpério. “Algumas pacientes apresentam depressão pós-parto. Nesses casos, a equipe faz acompanhamento juntamente com um psiquiatra”, conclui Dra. Raquel.