Ter um relatório anual para divulgar ao mercado as ações e o desenvolvimento da companhia era uma prática que o Grupo Fleury já adotava desde 2005. Em 2009, primeiro ano da gigante de diagnóstico brasileiro na Bolsa de Valores, as boas práticas amadureceram conforme os regulamentos e o que é exigido para a abertura de capital.
O conjunto de boas práticas já estaria adequado aos padrões do ?Novo Mercado? da BMF&Bovespa, segmento de listagem ao qual pertence o Fleury e e que exige o mais elevado padrão de governança corporativa, mas o grupo, em 2011, deu mais um passo rumo ao amadurecimento da governança corporativa: publicou seu relatório anual de sustentabilidade (exercício de 2010) com base na metodologia desenvolvida pela Global Reporting Iniciative (GRI), entidade sem fins lucrativos que promove a transparência entre as organizações e seus stakeholders.
?O GRI é uma ferramenta que contribui para que as empresas verifiquem a força de seus pilares de sustentabilidade em todas as dimensões, de forma que possamos avaliar a evolução e entender as oportunidades de aprimoramento das bases que garantem a perenidade do negócio. A empresa se submeteu a essa abordagem porque esses elementos constituem a base de nossa Governança Corporativa?, conta o presidente do grupo, Omar Hauache.
Com a incorporação da metodologia, o Grupo Fleury quis entender o que todos os stakeholders: colaboradores, médicos, operadoras de saúde, agências reguladoras (ANS e Anvisa), instituições de pesquisa, investidores, analistas financeiros, imprensa e gerações futuras (universitários, trainees e estagiários) pensam sobre a atuação da companhia, para direcioná-la nas dimensões econômica, social, ambiental, ética e de qualidade.
?Essa postura de ouvir quem nos cerca para aprimorarmos nossa atuação empresarial é genuína e constrói um engajamento saudável conosco?, comenta Hauache.
Metodologia e processos
A GRI é uma Organização Não-Governamental composta por uma rede de multistakeholders. Fundada em 1997 pela CERES e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), sua metodologia analisa as práticas sustentáveis de forma global. A entidade atua promovendo a elaboração de relatórios de sustentabilidade e estabelecendo princípios e indicadores para que as empresas possam medir e comunicar seu desempenho econômico, social e ambiental. Os relatórios elaborados segundo sua metodologia possuem verificação externa e auditoria internacional.
Seguindo essas diretrizes, o Grupo Fleury adaptou seu relatório anual. Um dos trabalhos principais foi envolver e engajar os stakeholders para conseguir um grande feedback e saber o que eles pensavam. Para isso, a companhia lançou diversas ações de interação. Uma delas foi a contratação de uma empresa de pesquisa independente e a abertura de consulta pública no site da instituição para que todos pudessem dar sua própria contribuição.
No momento de adaptar o relatório, foram definidas ações como sistematizar progressivamente os métodos de coleta e compilação de dados de sustentabilidade, junto com processos de controle interno, para aumentar a confiabilidade das informações reportadas.
Uma das dificuldades enfrentadas foi o cronograma, que acabou estendido em razão do própria curva de aprendizado. ?Estávamos determinados a dar esse salto na elaboração de nosso relatório e isso exigiu uma dedicação maior de tempo. Decidimos assumir um cronograma mais elástico, mas com um benefício muito superior ao que vínhamos alcançando do ponto de vista de profundidade das informações e do reconhecimento externo com a certificação obtida?, relembra Hauache.
Ineditismo
No ano em questão, o Grupo Fleury foi a única empresa de medicina diagnóstica do mundo a apresentar a publicação com verificação externa, conforme rege a GRI. Já no primeiro ano, o Fleury recebeu nota C+, em uma escala de C a A.
A verificação foi realizada pela Det Norske Veritas (DNV), empresa norueguesa capacitada na metodologia GRI. ?Com base nas informações que fornecemos, eles realizaram entrevistas com os gestores da nossa organização, para apurar a fundamentação do que está proposto no conteúdo do relatório anual?, diz Hauache.
Da mesma forma que um Relatório Anual de Sustentabilidade pode ajudar a amadurecer as práticas de governança da instituição e com isso torná-la mais transparente com seus stakeholders e, por que não dizer, mais rentável aos investidores, a atuação negativa de uma companhia pode impactar negativamente nos resultados.
Na opinião de Hauache, essa percepção está em crescimento. ?A sociedade incorpora de forma acelerada a consciência sobre práticas adequadas na esfera social e ambiental. Mais que isso, cobra crescentemente de governos e empresas a chamada postura cidadã em relação a estes temas. Assim, atuar com responsabilidade social e ambiental é fator de competitividade de elevada relevância. Dessa forma, práticas negativas, além de reduzirem potencialmente a força de mercado de uma empresa, podem afetar a sua continuidade a depender da gravidade do dano causado?, conclui.
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