“Acesso e Previsibilidade”. As duas palavras foram escolhidas por Enrico De Vettori, sócio da área de Life Science e Healthcare da Deloitte no Brasil, como indispensáveis na hora de realizar qualquer projeto, serviço ou negócio no mercado de Saúde. Em um descontraído bate papo com o Saúde Business 365, Vettori compartilhou sua visão sobre diferente áreas do setor, assim como estratégias de atuação da Deloitte, que acaba de divulgar quatro estudos* traçando o cenário da Saúde no mundo e previsões para 2020. Sobre esse material, você poderá conferir as principais informações e análises de forma gradativa no Saúde Business 365.

Com nova sede em São Paulo, a consultoria aposta em duas novas abordagens para a Saúde: a Converge Health, empresa do grupo que disponibiliza soluções de gerenciamento, análise e serviço de dados (analytics/big data) e o Hospital in a Box, que reúne os produtos “as one” e ambiciona garantir que as expectativas de quem compra e de quem vende estejam alinhadas.

A partir desses compromissos, Vettori confessa trabalhar com a mente no desafio de aumentar o acesso com o “mesmo orçamento”, ou seja, equilibrar os custos do sistema, que hoje apresenta uma inflação em torno de 15% (Variação do Custo Médico e Hospitalar – VCMH), sendo três vezes maior que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). “Isso se transforma em alto custo e sinistralidade”, diz.

Gestão como saída
Apesar dos múltiplos agentes do setor (operadoras, prestadores, indústria de equipamentos, suprimentos, medicamentos, distribuidores, tudo em meio a um sistema público e outro privado) e o desafio de harmonizá-los em prol do paciente/sociedade, De Vettori confia no amadurecimento da gestão, um caminho ainda por trilhar, segundo ele, diferente de outros setores que o percorreram muito antes da Saúde.

Olhando as relações e o panorama geral, o executivo aponta a falta de confiança como o grande empecilho para a mudança estrutural e de papeis que tem de haver. Para ele, não é um novo modelo de remuneração ou qualquer outro projeto que vão desatar os nós, mas o relacionamento e o desenvolvimento da confiança – mesmo que comece em iniciativas pontuais, como foi o caso do Projeto Coluna do Albert Einstein em parceria com alguns planos de saúde. A parceria nasceu com o intuito de reavaliar as indicações de cirurgias de coluna, que eram muitas, e os dados de abril de 2013 apontavam que de 1.679 pacientes que chegavam ao Einstein, apenas 41% (683) realmente precisavam da operação.

Projetos em conjunto como este e transparência nas relações, segundo o executivo, precisam ser conquistadas, a exemplo da lei norte-americana “Sunshine Act”, exigindo que os fabricantes de medicamentos, dispositivos médicos e biológicos comuniquem os dados sobre pagamentos e doações efetuadas aos médicos e hospitais de ensino.

Apesar da histórica rixa entre operadoras e hospitais, De Vettori vislumbra mudanças, inclusive pela presença cada vez mais forte da indústria de equipamentos e suprimentos e, mais recentemente, do RH das empresas, que começa a despertar para a sua importância nessa relação. Instituições como a Aliança para a Saúde Populacional (Asap), por exemplo, chegou ao mercado em 2012 para trazer os gestores das empresas e profissionais da área de recursos humanos para a discussão. As empresas de biotecnologia, de pesquisas científicas, chamadas pela Deloitte de Life Science, ainda estão mais afastadas deste contexto e também precisam se unir, segundo De Vettori.

Outros aspectos comentados pelo consultor que ajudariam na equação “acesso x mesmo orçamento” seriam associativismo entre empresas – Vittori citou exemplos de farmacêuticas e biotechs -; readequação de papeis, como por exemplo distribuidores focarem mais em serviços do que puramente distribuição de produtos; especialização por parte dos prestadores, saindo do modelo generalista; e expansão dos centros de excelência e referência, priorizando volume e qualidade para resultados mais custo efetivos.

Outras respostas de Vettori durante coletiva de imprensa:

Porquê muitas pesquisas clínicas (drogas) em fases avançadas morrem?
Ele indica a falta de gestão e planejamento por parte das indústrias farmacêuticas mundiais como parte deste problema. Entretanto não descarta a existência de ideologias político-partidárias na Anvisa, que acaba freando tecnologias e drogas que poderiam gerar acesso.

Movimento de convergência entre as farmacêuticas
Depois da crise econômica (2008), o capital de risco diminuiu e as empresas começaram a fazer um movimento de convergência. “Se eu tenho o registro de uma droga e você tem a melhor logística em tal região, porque não se associar?”, comenta De Vettori enfatizando a importância do associativismo.

Perspectiva do Brasil no contexto dos medicamentos
De Vettori fala da mistura de etnias do País, o que contribui para grandes oportunidades de desenvolvimento neste mercado, mas lista fatores que tiram o potencial do Brasil: legislação e processos burocráticos, baixos incentivos governamentais na formação de pesquisadores e cientistas, falta de cultura de inovação, entre outros comentários como “o Brasil ainda é um país agrário e minerador”.

* Os quatro estudos:

  • “2014 Global health care outlook – Shared challenges, shared opportunities”
  • “2014 Global life sciences outlook – Resilience and reinvention in a changing marketplace”
  • “M&A trends in life sciences and health care – Growth at the global intersection of change”
  • “Health Care and Life Sciences Predictions 2020 – A bold future?

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