A palavra fundamental que embasa o Programa de Acelerarão do Crescimento ? PAC – da Saúde é ?INOVAÇÃO?. No dia 10/Maio/13, foram publicados dois importantes artigos no jornal VALOR (pág. A3 e A14) os quais versavam sobre o tema Inovação, basicamente criticando a burocracia excessiva e mostrando o quando ela aflige a economia do conhecimento e a inovação em si.

Na prática, se um investidor quiser formar uma empresa do zero, com a criação de uma entidade legal que possa ser licenciada pela vigilância local e, posteriormente autorizada pela ANVISA para, depois, certificar e registrar seus produtos gastará não menos do que 2,5 a 3,0 anos nessa maratona, enfrentando todo o tipo de burocracia imaginável e inimaginável.

Lembram-se que no meu último blog escrevi sobre a entrega da mesma documentação pela terceira vez? Bem, até agora não recebi resposta do órgão responsável… E o sistema de registro de marcas e concessão de patentes no Brasil. Como inovar quando o simples registro de uma marca leva 5 a 7 anos? E a concessão das patentes? Como inovar quando você trabalha na incerteza por anos, sem saber se alguém está copiando sua ideia. Quem, em sã consciência, vai investir com um cenário como esses? E quando chega o momento de enfrentar os marcos regulatórios, os empresários deparam-se com um excesso de normas e regulamentos que não agregam nada, com órgãos mal preparados, laboratórios em número insuficiente e brigas políticas para saber quem manda no quê. Mais dinheiro e tempo investidos no vazio.

O governo fala de um eldorado que só eles conseguem ver no Brasil. Os que vivem no mundo real, do trabalho duro do dia a dia não conseguem ver esse lugar ensolarado, cheio de alegria e sucesso fácil. A grande maioria dos empresários que conheço e com quem trabalho, investem a maior parte de seus preciosos tempos lutando contra esse estado de coisas ao invés de se dedicarem a gerar mais empregos e divisas para o país. Quando você pergunta o quanto as empresas do mundo real investem em Pesquisa e Desenvolvimento, as respostas invariavelmente vem na forma de ?estamos tentando fechar o faturamento para pagar a folha deste mês?…

A ANVISA se tornou um martírio na vida das empresas, o BNDES é incapaz de criar uma política eficaz de apoio às pequenas e médias empresas, a reforma tributária não chega nunca (e enquanto isso, o Ministro da Fazenda tenta explicar o inexplicável à nação) e a indústria nacional, em desespero, busca proteção. Que proteção será possível nesse cenário?

Para inovar é preciso que o cenário regulatório, burocrático e fiscal passe por reformar profundas e seja oxigenado. Nada cresce sem a devida oxigenação do ambiente, a não ser as bactérias anaeróbias e essas são as piores, posso afirmar.