O Hospital Infantil da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, está se preparando para lançar uma página no Facebook que irá monitorar jovens e adolescentes submetidos a transplante de rim, em um esforço para auxiliá-los a se manterem em dia com os medicamentos. O hospital vai utilizar informações de receitas médicas, que constam no sistema de prontuário eletrônico do paciente (EHR), para divulgar, na página, a lista de medicamentos de cada paciente e quantas vezes por dia eles devem tomá-los.
A iniciativa, desenvolvida por Patrick Brophy, diretor da área de nefrologia pediátrica, diálise e transplante, junto com o departamento de tecnologia do hospital, surgiu com a frustração de Brophy ao perceber que muitos pacientes jovens transplantados não tomavam seus medicamentos como deveriam, após a cirurgia.
?Um dos maiores problemas que enfrentamos é que após a cirurgia de transplante renal em nossos pacientes mais jovens, muitos deles não aderem aos medicamentos?, contou Brophy à InformationWeek Healthcare. ?O que sabemos é que esses adolescentes representam o grupo com maiores chances de perder um transplante por falta de aderência ao tratamento. Eu quero que esses jovens fiquem longe da diálise e mantenham o transplante por muitos anos.?
Brophy acredita que esses adolescentes simplesmente não queiram tomar os remédios porque se sentem bem após o transplante e acham que são invencíveis. Além disso, eles têm muitos remédios para gerenciar. ?Eles não querem se sentir diferente dos amigos. Muitos desses jovens chegam a tomar entre três e dez remédios diferentes por dia, alguns deles, duas vezes por dia?, observou Brophy. A ideia por trás dessa página foi de Michael, filho de Brophy, que cansou de ouvir as reclamações do pai sobre seus pacientes. Michael, de 15 anos, sugeriu o Facebook como forma de atrair os adolescentes para o site que monitora os medicamentos.
Ainda em fase piloto, o aplicativo Iowa MedMiner foi projetado para personalizar as informações dos medicamentos vindas dos prontuários eletrônicos. Cada usuário recebe uma senha para acessar as informações específicas e pessoais. O paciente acessa uma janela em popup, na página do Facebook, que lista todos os remédios que ele deve tomar no dia e onde ele marca o que já tomou. A informação é, então, enviada aos servidores do hospital e encaminhada aos médicos. Além disso, o nível da droga no organismo é medida pelos médicos a cada retorno do paciente.
Até agora, 15 pacientes, entre 13 e 21 anos, participam do programa. A página do Facebook deve ir ao ar em algumas semanas e o plano é encontrar outras entidades interessadas em participar, com a esperança de gerar uma rede nacional de pacientes transplantados interessados nesse monitoramento.
?O uso de mídias sociais na medicina está apenas começando?, disse Brophy. ?Acho que se pudermos garantir privacidade, ferramentas como o Facebook e, até mesmo, Twitter, podem se tornar essenciais na forma como oferecemos cuidados médicos nesse país.?
(Tradução: Rheni Victorio)
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