FH: Qual o propósito do livro Expedicionários da Saúde? E tal propósito foi alcançado?
André François:
Sou fotógrafo há mais de 20 anos e, na metade dessa história, decidi fazer fotografias em que eu pudesse contar histórias que sensibilizassem as pessoas para um tema, uma causa. Nos últimos seis anos, tenho feito um trabalho muito focado em questões da saúde como um todo, porque é um tema muito carente de histórias. E eu acho que a minha foto pode ser mais uma ferramenta colaborativa de mudança, transformação e reflexão sobre essa questão. No caso dos Expedicionários da Saúde, na minha primeira viagem com eles, há uns quatro anos, percebi o trabalho maravilhoso e diferente dessa organização e achei que valia a pena dedicar algumas viagens para contar essa história. É um trabalho que tem de continuar e deve ser multiplicado.
FH: Desde 2006, você está envolvido com questões relacionadas à saúde. De lá para cá, quais foram as maiores dificuldades para efetuar os registros, e qual o maior aprendizado?
François:
Quando entro em um hospital, tento participar de um momento delicado na vida de uma pessoa. Dessa forma, se não conseguir criar um vínculo com ela, e não conseguir deixar muito claro que contar à sua história ajudará outras pessoas, a foto não é possível. A pessoa precisa permitir que eu participe da vida dela por um tempo para que a história seja contada, mesmo nesse momento delicado. Se o vínculo for bom, a história é boa e a imagem sai.
FH: Apesar das carências, é possível levar atendimento médico para regiões isoladas e fazer a diferença na vida de brasileiros?
François:
Com certeza.  Eu sou atraído pelo trabalho dos Expedicionários por causa disso. Eles levam para a população indígena – que tem outro tipo de vida, com outras necessidades – assistência médica, mas com muita sabedoria para lidar com ela. Eles  montam um centro cirúrgico no meio de um lugar inóspito, como a Amazônia, e realizam cirurgias sob condições extremas. Lá é muito difícil montar qualquer estrutura porque há muita umidade, então os equipamentos elétricos e eletrônicos não funcionam direito. Dessa forma, eles desenvolveram tecnologia e metodologia para fazer um centro cirúrgico em poucos dias, realizar as cirurgias, desmontar tudo e ir embora. E essas cirurgias salvam vidas. Algumas são simples, mas extremamente importantes. Por exemplo, doenças nos olhos, como pterígio [doença ocular que acontece em países tropicais e é frequente na região amazônica], com o tempo pode cegar. Aqui, não temos isso, porque muito antes [ da doença se agravar] fazemos a cirurgia que é simples, mas lá muitos índios ficam cegos e deixam de caçar e pescar. Quando há a chance de devolver a visão a um índio, ou operar uma hérnia e fazê-lo poder voltar a carregar peso, isso é devolver a vida a ele.
Autor: André François
Editora: ImageMagica
Número de páginas: 168
Preço: R$ 95
Outros livros indicados:
A cura da infelicidade
Neste livro, os leitores podem conhecer a experiência pessoal da jornalista americana e também pesquisas médicas e entrevistas com especialistas e portadores de depressão feitas com o objetivo de explicar a doença e seus desdobramentos. A obra traz reflexões sobre a formação da identidade, experiências vividas e os benefícios e prejuízos do tratamento para mostrar como o uso dos remédios molda a vida de milhões de pessoas.
Autor: Katherine Sharpe
Editora: Gutenberg
Número de páginas: 304
Preço: R$ 34,90
Pré-hospitalar
A obra, do Grupo de Resgate e Atenção às Urgências e Emergências (GRAU), aborda a experiência do grupo que desempenha, há 24 anos, importante papel no atendimento pré-hospitalar (APH) no Estado de São Paulo. Completamente ilustrado, o livro foi escrito por profissionais com ampla experiência prática em APH e tem  o objetivo de ser referência no conhecimento pré-hospitalar, ajudando os profissionais da área na padronização de conceitos e rotinas de trabalho.
Editores: Gustavo Feriani, Jorge Michel Ribera, Maria Cecília de Toledo Damasceno, Pedro J. Rozolen Jr., Ricardo Galesso Cardoso
Autor: GRAU (Grupo de Resgate e Atenção às Urgências e Emergências)
Editora: Manole
Número de páginas: 750
Preço: R$ 188