O IBGE acaba de divulgar um estudo que aponta para um cenário previsto, há muito tempo, por prestadores do SUS: a saúde precisa de mais investimento público para atender a crescente demanda, que certamente virá, em um futuro não distante, agravar a insuficiência no atendimento público.
De acordo com os “Indicadores Sociodemográficos e de Saúde no Brasil”, com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, a necessidade por tratamentos médicos mais complexos na rede de saúde se multiplicou. Pacientes idosos exigem cuidados mais elaborados, atenção mais prolongada e, obviamente, mais investimentos.
Já se pode observar um grande salto na ocorrência de doenças crônicas entre os brasileiros. Por exemplo, as mortes por problemas cardiovasculares aumentaram de 12%, em 1950, para mais de 40%. Isso é um reflexo do maior número de idosos na sociedade e, consequentemente, nos hospitais.
O aumento da expectativa de vida, que é uma excelente notícia, é uma tendência irreversível. Para atender a esse avanço social, no entanto, a saúde precisa se preparar. 
Infelizmente, a estrutura de atendimento médico da população não atende às demandas atuais. E quando consideramos o aumento do número dos pacientes idosos, o futuro é sombrio. Principalmente em relação à rede pública, já que segundo a mesma pesquisa do IBGE, apenas 29% da população acima dos 60 anos possui plano de saúde particular.
Cerca de 75% da população depende exclusivamente do SUS para receber atendimento médico. O sistema apresenta déficit de R$ 7 bilhões anuais que, com os gastos crescentes, deve se agravar até chegar ao colapso.
Está na pauta da Câmara este mês a votação da regulamentação da Emenda Constitucional nº 29, um instrumento fundamental para iniciar a reconstrução do sistema, já que garantirá ao orçamento da saúde o mesmo montante de recursos investidos no ano anterior, acrescidos da variação do PIB. Isso é o mínimo que deve ser feito, de imediato.
Como complemento, é preciso revitalizar o SUS. Investir em instalações próprias e corrigir a tabela de procedimentos para viabilizar as parcerias com instituições privadas. Há muito tempo, as entidades que destinam leitos e serviços ao Sistema Único de Saúde têm de driblar o déficit médio de 40% no pagamento dos custos dos atendimentos realizados. Nesse contexto estão as Santas Casas e hospitais sem fins lucrativos, que respondem por um terço dos leitos do SUS.
Além de investir mais, a Administração Pública precisa também gastar adequadamente o dinheiro. Para isso, é recomendável acelerar o processo de transferência de administração de hospitais públicos para Organizações Sociais (OSs), como já ocorre em alguns Estados. Todas as experiências nesse sentido já comprovaram um significativo avanço na gestão e consequente melhoria na aplicação dos recursos.
A saúde é um problema urgente que o País deve enfrentar com vontade e seriedade.
*José Reinaldo Nogueira de Oliveira Junior é presidente da Fehosp – Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo
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