Edifícios hospitalares são de alta complexidade, não somente devido à natureza de sua criação, mas também por conta dos riscos que envolvem uma operação que funciona 24 horas por dia e que atende a um grande público todos os dias. Estes estabelecimentos dispõem de materiais inflamáveis e de equipamentos como geradores, sistemas de ar-condicionado, saídas de energia e até mesmo cozinha industrial que precisam operar na mais perfeita ordem, dentro dos padrões exigidos por lei e com manutenções periódicas para prevenir incêndios.
A dificuldade de locomoção interna dos pacientes, os diversos materiais inflamáveis e a existência de instalações de alto risco de incêndio, fazem com que todas as atenções sejam voltadas para esse risco iminente e que geralmente não recebe a devida importância. O caso do Hospital Badim, no Rio de Janeiro, traz à tona a discussão sobre esse tema e sobre como os gestores precisam estar atentos.
Os primeiros registros sobre prevenção contra incêndios em hospitais são dos anos 1930, mas o debate somente se intensificou nas últimas décadas, com a aceitação da criticidade deste assunto, a evolução da tecnologia, da legislação vigente e da incorporação do assunto pela arquitetura hospitalar.
A legislação existente é bastante ampla e configura uma grande ferramenta para os hospitais reduzirem ao máximo o risco de incêndio. Os principais problemas para sua aplicação são a dificuldade na formação da brigada de incêndio, que demanda a mobilização de um contingente muito grande de colaboradores para treinamento externo e o alto investimento para correção e adaptação de todas as exigências normativas, já que temos uma parcela muito grande de edifícios hospitalares antigos e desatualizados.
O Corpo de Bombeiros de cada Estado possui instruções técnicas próprias e tem contribuído muito para o assunto com uma maior frequência de vistorias aos hospitais e exigência das correções necessárias. Existem muitas empresas e especialistas que também oferecem consultorias e auditorias para os sistemas de combate a incêndio, mas deve se ficar muito atento às referências e qualidade desses profissionais. Tem-se também diversas metodologias para avaliação e implementação de um plano eficaz de combate a incêndio e cada hospital deve analisar qual a melhor opção de custo/benefício.
Um modelo baseado na metodologia PDCA, pode ser aplicado para esse processo, tendo em vista o caráter pedagógico do planejamento tanto para a alta direção do estabelecimento, como para os níveis operacionais de execução. O princípio de incêndio em uma edificação coloca em risco tanto a estrutura física como a vida de seus ocupantes. Isso indica a necessidade de se promover e reforçar práticas seguras de trabalho, de proporcionar ambientes livres de riscos, de controlar materiais e equipamentos contra a eventualidade de um princípio de incêndio e de sinalização clara das saídas de emergência.
A prevenção é a principal arma das instituições de saúde para evitar acidentes que colocam em risco a vida das pessoas. Aliado aos investimentos em manutenção preventiva e troca de equipamentos sempre que necessário, está a capacitação dos profissionais de saúde para aprenderem a usar os equipamentos de combate a incêndio e a adotarem as decisões corretas se for necessário a evacuação. De nada adianta equipamentos sofisticados de prevenção contra incêndio, se não houver pessoas treinadas e capacitadas, para agir de maneira rápida e segura. Cada atraso pode ser determinante no desfecho, pois a ação precoce é mais efetiva que as evacuações.
Sobre o autor
Maurício Almendro é diretor de operações da área de Saúde da Verzani&Sandrini