Com o tema “Inclusão Social começa na prevenção”, encontro aconteceu no dia 28 de março e discutiu os avanços na prevenção e na cirurgia corretiva. O consumo de ácido fólico pode prevenir até 80% dos casos.

Para dar continuidade ao intenso processo de disseminação e conscientização do consumo de ácido fólico para prevenção de doenças relacionadas ao defeito do tubo neural (DTN), que teve início com a Campanha “Ácido Fólico Já”! – lançada em 2012 e idealizada pelo Prof. Dr. Eduardo Borges da Fonseca (Presidente da Comissão Especializada em Perinatologia da FEBRASGO) -, no dia 28 de março aconteceu em São Paulo um encontro com mais de 50 especialistas de todo o Brasil para discutir os últimos avanços em relação à prevenção e cirurgia corretiva da espinha bífida, assunto que ganhará força nas discussões junto à classe médica ao longo de 2014. O evento foi promovido pela Biolab Farmacêutica, apoiadora da campanha.

Para que a utilização do ácido fólico seja efetiva na prevenção dos principais problemas relacionados ao DTN, anencefalia e espinha bífida, instituições nacionais e internacionais recomendam que a suplementação comece, no mínimo, 30 dias antes da data em que a mulher planeja engravidar e seja mantida pelos três primeiros meses de gestação, na dose de 400 microgramas diárias. Esta recomendação foi reforçada em normativo do Conselho Federal de Medicina, divulgado em dezembro de 2013, que orienta os médicos sobre o período e quantidade ideais para indicação à paciente. “As estatísticas mostram que nascem no Brasil cerca de 3 mil crianças com defeito no tubo neural – a estrutura que dará origem ao sistema nervoso central do bebê – incluindo cérebro e coluna. Com a suplementação de ácido fólico, ingerida na dosagem e período adequados, é possível reduzir de 70 a 80% esses casos”, informa Fonseca. Do total de crianças que nascem com DTN, 45% apresentam espinha bífida, sendo que 60% sobrevivem com sequelas variáveis e 40% morrem no útero.

Segundo o especialista, para a redução de casos de defeitos no tubo neural (DTN), é necessária a conscientização e a educação da mulher. “Nosso grande desafio está no fato de que apenas 40% das mulheres brasileiras se programam para engravidar, o que inviabiliza o consumo de ácido fólico no período correto. Por isso, planejamento familiar é essencial e continuará sendo nosso foco”, afirma. A carência de ácido fólico é o mais importante fator de risco para os DTNs, pois ele age na síntese de DNA e, portanto, é essencial para a rápida divisão celular que ocorre durante o desenvolvimento fetal precoce.

As malformações congênitas, como a espinha bífida, também acarretam um problema social, já que impactam diretamente na vida da família. Trata-se de uma condição crônica, pois seus portadores têm a necessidade de cuidado profissional prolongado, de acordo com o grau de deficiência que apresentam, dificultando a realização das atividades cotidianas e na inclusão social. Para Dr. Eduardo, “a melhor maneira de fazer a inclusão social é por meio da prevenção, tendo em vista que os cuidados que essa criança exige são necessários ao longo de toda a vida, por parte da família e dos médicos. Além disso, o custo com a prevenção é consideravelmente menor”. Caso não seja realizada a prevenção e seja constatada a espinha bífida, existem as cirurgias intrauterinas que reduzem as complicações do bebê, mas o médico ressalta que apesar de gerar resultados satisfatórios para a criança, aumenta o risco da mãe durante a gestação.

Desde o início da Campanha Ácido Fólico Já!, foi constatado um aumento significativo no número de prescrições de ácido fólico nas recomendações adequadas. Durante este encontro, será alinhado entre os médicos um estudo para consolidar uma amostragem nacional desses números. “A partir do levantamento de dados sobre a incidência de casos de espinha bífida, será possível analisarmos a situação de uma forma mais detalhada e trabalharmos com campanhas regionais de conscientização”, adianta o especialista.

Ácido Fólico

O ácido fólico é uma vitamina do complexo B que atua no processo de multiplicação das células e na formação de proteínas estruturais e da hemoglobina. Sua forma natural, o folato, pode ser encontrada em vegetais de folhas verde escuras, como couve, brócolis e espinafre. No entanto, sua biodisponibilidade é afetada por fatores como modo de preparo do alimento. Por isso, sua forma sintética (ácido fólico) é a alternativa mais eficaz e prática para a mulher nos dias de hoje.