“O momento da mudança é agora, ou podemos esperar o colapso do sistema”, alertou Robert Janett, especialista em Atenção Primária à Saúde da Harvard Medical School. Durante um encontro promovido pelo Grupo Sabin, em São Paulo, na quarta-feira (28), com o apoio da Aliança pela Saúde Populacional (ASAP), Janett destacou a importância de adotar modelos semelhantes ao Programa Saúde da Família (PSF) na saúde suplementar para garantir a sustentabilidade do sistema. 

Janett, que atua como médico consultor em Atenção Primária nos EUA, América Latina e Ásia, apontou que o atual modelo da saúde suplementar apresenta lacunas que deixam o paciente vulnerável, responsabilizando-o por seu próprio tratamento. “A saúde não deve ser vista como uma partida de golfe, com médico e paciente desempenhando papéis de taco e bola. Na realidade, é mais como o futebol, onde o gol é resultado do esforço coletivo de vários jogadores”, explicou, ressaltando as vantagens da equipe multidisciplinar da Atenção Primária à Saúde (APS). “O Programa Saúde da Família atende milhares de pessoas e previne muitas situações complexas”, afirmou. 

Experiência internacional e inovação 

O modelo do PSF é semelhante ao da Amparo, que promove a gestão da saúde de grupos populacionais por meio de programas e cuidados coordenados em uma jornada híbrida (remota e presencial). Como parceira das operadoras e empresas, a Amparo contribui para a redução de custos com saúde, sinistralidade médica e absenteísmo, além de melhorar os desfechos clínicos. “Nossa preocupação é com a sustentabilidade do sistema, buscando agregar cada vez mais valor para o paciente em sua totalidade”, destacou Lídia Abdalla, presidente-executiva do Grupo Sabin. 

Para ilustrar a eficácia do modelo, Janett compartilhou sua experiência com o sistema privado de Boston (EUA), onde uma equipe acompanha pacientes com hipertensão, diabetes e outras condições crônicas, além de intercorrências como infecções urinárias. “Os resultados foram a redução das filas de espera por especialistas e uma cobertura completa das necessidades dos pacientes, sejam elas de saúde ou biopsicossociais”, revelou Janett. 

Em linha com o especialista internacional, Abdalla acrescentou: “A Amparo complementa a missão do Grupo Sabin, que celebra 40 anos, ao promover um cuidado eficiente por meio da atenção primária”. Maurício Ceschin, ex-diretor da Agência Nacional de Saúde (ANS), reforçou a necessidade de reavaliar o modelo atual da saúde suplementar: “Durante décadas, o foco do marketing foi o tamanho da rede credenciada de uma operadora, e não a visão global da saúde do paciente”, criticou.