No século XVII, um século antes da Revolução Industrial, o médico italiano Bernardino Ramazzini já se dedicava a descrever as doenças ocupacionais das 54 profissões conhecidas na época. Ramazzini escreveu que “aqueles que levam vida sedentária e são chamados, por isso, de artesãos de cadeira, como os sapateiros, os alfaiates e os notários, sofrem doenças especiais, decorrentes de posições viciosas e da falta de exercícios”.

A Ergonomia como ciência teve origem em estudos sobre a Fisiologia do Trabalho, mais especificamente na fadiga e no consumo energético provocado pelo trabalho. As pesquisas tiveram como objetivo diagnosticar os problemas que causavam a fadiga no trabalho e, consequentemente, procurar soluções que pudessem eliminar ou minimizar este cansaço.

Mas, afinal, o que é ergonomia? Ergo significa trabalho e nomos pode ser interpretado como regras e leis naturais. Na definição da Ergonomics Research Society ela é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente, e aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento. Ou seja, a Ergonomia é a adaptação do trabalho às características do homem.

Na esfera corporativa é comum a discussão sobre gastos com afastamentos, absenteísmo e perda da produtividade, contingente de trabalhadores com restrições, deterioração nas relações humanas e indenização jurídica por dano físico. Todos os temas ligados à Ergonomia que, uma vez bem explorados, trarão benefícios às empresas.

Desde a informatização dos processos, tem se visto também uma grande pressão sobre a empresa decorrente do fenômeno social LER/DORT. Eles são os distúrbios ou lesões de músculos e/ou tendões e/ou nervos causados pela utilização biomecanicamente incorreta especialmente dos membros superiores. Os resultados mais comuns são dor, fadiga, queda de produtividade no trabalho e incapacidade temporária. Conforme o caso, evoluem para dor crônica, nesta fase agravada por fatores psíquicos que reduzem o limiar de sensibilidade.

Os principais causadores do LER/DORT são posturas estáticas, compressão mecânica, repouso insuficiente para recuperação dos tecidos e força excessiva. As empresas também podem agravar a situação caso imponham mudanças de tecnologia que gerem o aumento do número de movimentos, horas extras excessivas e repetitividade de movimentos.

As principais soluções para os problemas de Ergonomia são a eliminação ou a diminuição de frequência de movimentos e posturas críticas, desenvolvimento de projetos ergonômicos, rodízio ou revezamento nas tarefas, melhoria de método e organização do trabalho, exercícios para preparação para o trabalho, além da orientação e cobrança de atitudes corretas no trabalho. No caso da repetitividade de digitação, por exemplo, o ideal é que o trabalho não ultrapasse cinco horas por dia, sendo que, a cada 50 minutos trabalhados existam dez minutos de pausa.

Importante também sempre lembrar sobre a importância da qualidade de vida dos profissionais. A boa utilização de tempo para a família, para o lazer e para si mesmo são armas extremamente eficazes na resolução de conflitos e no manejo do estresse. E é igualmente relevante refletir sobre o fato de que as empresas que têm como meta obter destaque no mercado globalizado devem usar a Ergonomia como estratégia para otimizar as condições de trabalho e diminuir as influências nocivas à saúde física e mental dos colaboradores. Assim, serão proporcionados meios para que eles possam ser criativos e participativos nas organizações.

*Rui Bocchino Macedo é especialista em Medicina do Trabalho do Lavoisier Medicina Diagnóstica / DASA.

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