Profissionais saudáveis são mais felizes, produzem mais e vão menos ao médico, o que já é certo consenso mesmo entre empresas que ainda estão aquém à gestão de saúde populacional. No entanto, na medida em que estes programas são adotados pelas companhias, como medir sua eficácia e calcular o retorno sobre o investimento (ROI)? Mais do que o como, garantem especialistas, o passo fundamental para alcançar resultados é definir com clareza o quê será medido: doenças crônicas, mudança de estilo de vida, redução de tabagismo e obesidade ou tudo isto junto?

“É preciso perguntar a primeiro o que se está precisando ou procurando. É importante entender onde e que tipos de problemas estão sendo enfrentados”, ponderou Frederic Goldstein, presidente da Population Health Alliance e participante do Congresso Internacional da ASAP. 

Só depois devem surgir perguntas sobre a forma de intervenção e os resultados esperados. “São financeiros? Estão nos índices de reclamação e absenteísmo, ou no aprimoramento da qualidade de vida e da satisfação dos indivíduos? Em quanto tempo: um, cinco ou dez anos? Ou são resultados parar uma vida toda? ?Algumas coisas são de rápida observação, outras vão demorar um pouco mais?”, disse Goldstein, que ainda lembra da sustentabilidade dos resultados. 

Os resultados são muito relativos, concordou Soeren Mattke, diretor geral da assessoria de serviços de saúde da Rand Corporation, que participou do debate. Eles dependem de uma série de fatores, como expectativa de ROI do board, o tempo empregado pela empresa para investir os hábitos dos funcionários, entre outros. E como o clima organizacional é muito importante para este tipo de medição, “exigir resultados em uma empresa de clima opressor é irreal”, sentencia Mattke. 

“Algumas vezes o resultado não é o que o CFO espera, mas há razões culturais e corporativas para seguir adiante com estes programas”, ponderou Goldstein. Cada companhia devia seguir um programa  não pelos resultados financeiros ou ROI, mas dizer que eles fazem parte da cultura, dos objetivos organizacionais.


Modelo
Alberto Ogata, presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV) e blogueiro do Saúde Web, avaliou a gestão de saúde populacional no País sob aspectos regulatórios e políticos. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou 166 programas de promoção à saúde apresentados por operadoras, a maioria direcionado para adultos e idosos. Isso significa, segundo Ogata, 22 milhões de usuários impactados, muito embora o público alvo se restrinja a 960 mil e só 279 mil efetivamente se inscreveram. Assim, se o impacto tem relação direta entre penetração e efetividade, de nada adianta “um programa maravilhoso, com adesão alta, mas se a penetração for ruim, o impacto é baixo”. Dessa forma, o desafio para as operadoras é passar da eficácia para efetividade, ganhar escala e, ao mesmo tempo, inovar nos serviços. 

É o que Ogata chama de “continuum da produtividade”. Partir da abordagem do absenteísmo, encarado prioritariamente de maneira reativa, para a observação do presenteísmo, depois da produtividade, então à qualidade e, em seguida, a performance. “Para isso advogamos o uso do modelo integrado da OMS: contempla um ambiente físico seguro, alimentação saudável, acesso à medicamento, tratamento etc. Na minha opinião é possível alcançar ROI de  US$ 3  para US$ 1 em programas consistentes, desconsiderando custos hospitalares”, explicou o executivo.