Gerenciar a saúde dos funcionários é difícil para qualquer empresa, pois dentro desta gestão há dificuldades que vão desde mensurar as perdas de produtividade até fazer com que o próprio colaborador tome consciência de seu papel e se engaje na causa- este último corriqueiramente apontado como uma das principais dificuldades pelos empresários. Este também foi o desafio da Disney Parques e Resorts, que conseguiu integrar os dados da saúde daqueles que realmente fazem a magia acontecer: os colaboradores.
Durante a tarde desta terça-feira (26), o médico chefe da Walt Disney World, Michael Hankins, apresentou como é feita a gestão de saúde dos quase 70 mil funcionários (apenas em Orlando) do grupo composto por parques, resorts e cruzeiros. Apesar dele dizer que os desafios da organização no cuidado da saúde do colaborador são os mesmos de qualquer empresa em qualquer lugar, não são poucos e nem simples os riscos que um colaborador da Disney está exposto: eles vão desde de um acidente de trabalho até a exposição a animais, como no exemplo do Animal Kigdom, parte do complexo.
Logicamente promover a saúde dos funcionários é mesmo que indiretamente o objetivo de qualquer instituição, pois funcionário saudável é igual a funcionário produtivo. Mas há um custo alarmante quando se fala de saúde do trabalho. De acordo com o executivo, cerca de US$ 130 milhões são gastos com lesões e acidentes de trabalho nos Estados Unidos por ano. Essa é só a cifra de acidentes, pois o perfil americano de obesidade e doenças crônicas coloca em xeque a produtividade de qualquer empresa. Ele citou dados da Chronic Disease Control (CDC), que se apenas as taxas de obesidade fossem reduzidas isso poderia gerar U$ 254 bilhões em produtividade e evitar U$60 bilhões em tratamento.
Assim, além da identificação de riscos ocupacionais como perda de audição, fadiga e deficiência visual, foram mapeados também as condições crônicas como a obesidade, por exemplo. Hankins mostrou o conjunto de ações implantadas em prol da segurança e saúde do colaborador que envolvem desde centros de cuidados primários, o gerenciamento das doenças, uma academia, o gerenciamento de índices de absenteísmo, programas de bem-estar, controle do risco. Também foram adotados programas de imunização, vigilância médica, alojamento médico, fisioterapia, entre outras.
O sistema
O projeto de TI foi alicerçado considerando conceitos como a saúde, bem ?estar do funcionário e segurança; coordenação da saúde dentro do sistema junto com os prestadores, o acesso seguro e troca das informações da saúde; o engajamento do colaborador, portabilidade dos sistemas e dados e além de disso o desempenho financeiro.
Para realizá-lo foram definidos pela companhia quatro valores ou ?Steps?: O ?S?, de satisfação, a TI para melhorar a satisfação dos funcionários; ?T?, Tratamento e Clínica, para melhorar a saúde como um todo, assegurando o desempenho dos funcionários; ?E?, informação eletrônica (do inglês eletronic infomation); e por último o ?P?, destinado à prevenção e educação do pacientes. Ou seja, sem a participação dos próprios funcionários e sem uma TI minimamente amigável para os usuários, o projeto estava fadado ao fracasso.
Para integrar as novas ações, gerenciar a saúde do funcionário e também as lesões trabalhistas, afastamentos e outros indicadores foi adotada a solução única de registro de saúde ou EHR (eletronic health registration) especializa em saúde ocupacional, da empresa americana Medical Information Engineer ou MIE. Nela foram inseridas as informações clínicas dos funcionários gerando integrado também com as leis e normas trabalhistas do governo americano. Tudo isso criou uma integração de dados que alinha a medicina de vigilância e o gerenciamento de crônicos e também a saúde preventiva.
Todas essas informações são trocadas de forma segura garante o executivo. Isso inclui o contato com seguradoras e prestadores de serviços médicos. ?A informação também é compartilhada com a liderança, assim cada departamento sabe quantas lesões e afastamentos de trabalho aconteceram, por exemplo?, afirma Hankins.
Mas nem tudo estava resolvido, as demandas de saúde da Disney exigiram mais, era necessário ir além mar. Com a divisão de cruzeiros, o grupo enfrentou diferentes desafios como fazer o rastreamento marítimo do atestado médico, a integração com registros em terra. Além disso, havia os desafios de estar em pleno oceano: sem suporte especializado e acesso limitado. A solução para isso foi a telemedicina para o atendimento e o uso de um satélite para a transmissão de dados
Mas nada seria possível sem a interface com o usuário. O sistema prevê um portal onde o colaborador cuida e acompanha sua própria saúde. Nele, é possível ter acesso a informações como agendamentos médicos, as informações médicas, a data do retorno em caso de afastamento, as possíveis restrições de acordo com o motivo de afastamento ou doença, enviar documentos sobre isso. Ou seja, o próprio paciente passa a fazer parte da gestão de sua própria saúde.
?Engajar o paciente, mas também os provedores. A solução é ótima, mas quando todos trabalham para seu melhor uso, o sistema se torna capaz de crescer e melhorar a qualidade do serviço oferecido?, afirmou.
O case foi realizado durante a HIMSS 2014, que ocorre de 23 a 27 de fevereiro em Orlando (EUA).
* Informações atualizadas para correção em 5 de março às 11h08