Parte II ? Fase AnalíticaNo último artigo, discorremos de forma breve sobre a fase pré-analítica. Neste, falaremos de alguns pontos de importância da fase analítica.A fase analítica em medicina laboratorial compreende a realização propriamente dita dos exames ou ensaios. Esta fase foi a que sofreu a maior absorção de tecnologia nos últimos tempos e também dos conceitos de controle e gestão de operações. Atualmente, a fase analítica laboratorial é muito comparada com um processo produtivo, ainda que a complexidade em analises clínicas seja muito grande e absorva uma importante responsabilidade na assistência à saúde.A fase analítica é o processo laboratorial de menor absorção de erros, variando de 7% a 13% do total de erros (J Brasil Patol Med Lab 2010), devido principalmente aos maiores investimentos e evolução tecnológica, assim também como esta é a fase de maior conhecimento e estudos em medicina laboratorial. Discutiremos neste artigo algumas tendências desta fase. As metodologias laboratoriais no passado eram manuais, trabalhosas e demoradas; com alta variabilidade. A evolução das plataformas analíticas, principalmente o advento da automação, permitiu uma maior velocidade de processamento e a utilização de volumes bastante pequenos de amostra, com sensibilidades analíticas muito baixas (detecção de concentrações extremamente reduzidas, como picogramas ? 10-12), gerando uma modificação importante no conceito da medicina laboratorial e também em seu impacto na assistência à saúde. A maior velocidade de processamento e capacidade de produção dos equipamentos (troughput) gerou uma importante pressão para o maior controle dos processos produtivos, por meio de indicadores e métricas específicas, com direcionamento do foco de gerenciamento para as novas necessidades do mercado e dos pacientes, como por exemplo, o tempo de liberação de resultados (TAT ? Turn Around Time).A integração de diferentes metodologias em plataformas únicas ou interligadas, como por exemplo, os ensaios bioquímicos e os ensaios imunológicos para dosagens de hormônios e detecção de antígenos e anticorpos nas denominadas sorologias, permitiu uma importante absorção de volume de exames (demanda) pelos laboratórios sem um crescimento de espaço físico na mesma proporção, com grandes ganhos de produtividade e melhorias nos fluxos dos processos, impactando nos custos desta fase. De uns tempos para cá, os laboratórios buscam processos horizontais e contínuos e não mais em setores definidos por tipos de análises ou de metodologias.A maior atenção com a variabilidade dos processos fez com que ferramentas de gestão passassem a ser utilizadas em larga escala, controlando os processos produtivos em tempo real e assegurando maiores benefícios ao pacientes. A previsibilidade e a menor variabilidade do processo, alinhado aos mais recentes conceitos da garantia da qualidade, são hoje realidade neste segmento. Destacam-se nos dias de hoje ferramentas e modelos de gestão como o Seis Sigma e o Lean Manufacturing.O advento de metodologias laboratoriais de alta precisão, como a biologia e a genética molecular, colocou os laboratórios clínicos em evidência e endossou a utilização dos exames em diferentes fases da assistência a saúde, como a prevenção de doenças e o diagnóstico em tempos cada vez mais precoces.Em termos de controle e segurança de processamento dos exames, nota-se um grande amadurecimento na utilização criteriosa de controles de qualidade para melhor precisão, com importante evolução de regras de validação de rotinas e ensaios, maior exatidão com rígido controle pelos testes de proficiência, e, por fim, maior segurança aos pacientes.A automação dos processos analíticos, pode-se dizer, foi o principal gatilho para o maior desenvolvimento e crescimento de empresas desta área, permitindo a absorção de maior demanda e a entrega de melhores resultados. A automação e seus diferentes tipos existentes em medicina laboratorial (Automação Total, Automação orientada aos Processos, Automação Stand Alone) são muito estudados, porém todos estes permeiam virtualmente a totalidade dos processos analíticos, adequando-se aos diferentes tipos de negócio e porte dos laboratórios, e contribuem positivamente para o benefício gerado pelos exames laboratoriais na assistência à saúde.