O NODA (Naturalistic Observation Diagnosis Assessment) é um aplicativo desenvolvido pela Boise, uma empresa de Idaho com atividades em Behavior Imaging Solutions em parceria com a Georgia Tech e o Southwest Autism Research and Resource Center. Em um laboratório na Georgia Tech, o projeto foi apresentado em um showcase de empresas incubadas.

“O problema é que, apesar de toda a conscientização estar aumentando no autismo, nós ainda estamos vendo atrasos significativos entre o período em que os pais percebem que há alguma coisa diferentes com suas crianças e o momento exato do diagnóstico. E as crianças estão perdendo tempo importante nesta fase inicial do tratamento.”

O autismo apresenta dificuldades em três áreas: linguagem, comportamento e interação, sendo, assim, de extrema importância que o diagnóstico e o tratamento sejam iniciados cedo para que o comprometimento da linguagem seja minimizado, o comportamento seja trabalhado e o aspecto interacional seja analisado e tratado de maneira multidisciplinar.

O aplicativo instrui aos pacientes que gravem vídeos de 10 minutos em diferentes cenários: refeição, e brincadeira sozinho e com outros indivíduos. Um quarto vídeo é feito para que os pais compartilhem suas observações e preocupações. Ele também guia os pais ao longo do processo, ajudando-os a criar vídeos úteis e práticos.

“Você não pode simplesmente pedir que um pai grave um vídeo. Você precisa pensar nos aspectos que fazem um clínico observar um vídeo e fazer o diagnóstico. Então parte do trabalho está em criar qual cenário é o correto para gravar e quais instruções os pais precisam ter para gravar e o que fazer durante a gravação.”

Quando o vídeo está satisfatório, ele pode ser colocado no sistema para compartilhamento com o clínico. A plataforma permite que os médicos coloquem tags de acordo com os critérios DSM para o autismo, fazer notas ao lado do vídeo e realizar um diagnóstico quantitativo de maneira simples.

A intervenção é deisgnada a atender o problema das longas filas de espera para que os pais consigam uma avaliação para o autismo, mas também se apresenta como boa solução para populações com baixo acesso a serviços de saúde, como rurais, por exemplo.

De alguma forma, estes vídeos já apresentam uma vantagem em relação ao contexto de avaliação clínica, já que a criança está imersa em seu ambiente natural. Atualmente, em alguns contextos de avaliação terapêutica, os profissionais de saúde, como fonoaudiólogos e psicólogos, já solicitam vídeos e têm dificuldades relativas à avaliação, já que o paciente precisa de algumas sessões de ambientação com o profissional antes que esta possa ser realizada. Estes vídeos poderiam ser utilizados para a busca de sinais clínicos e já há estudos nas áreas de reabilitação que trabalham com este tipo de material.

O estudo clínico envolveu 32 crianças identificadas como possíveis autistas, 9 crianças em estado neuro-típico e 6 crianças com problemas alheios ao autismo. Estas crianças foram também levadas para o clínico em consultas tradicionais e sem o conhecimento do programa utilizado. Dentre estes, 87% dos diagnósticos foram realizados de maneira similar, dando, além disso, mais falsos positivos que falsos negativos dentre os casos em que houve discordância diagnóstica.

A empresa está se preparando agora para um estudo em larga escala no Arizona, começando no dia 1 de janeiro de 2015.