A expansão das unidades de saúde e os constantes investimentos em aquisição de novas tecnologias têm movimentado o mercado nacional e internacional de insumos e equipamentos médicos. Somente em 2009, o Brasil importou cerca de US$ 111,7 milhões em tomografias, mamografias e equipamentos de raio X, segundo dados da Associação Brasileira de Indústrias de Artigos e Equipamentos Odontológicos, Hospitalares e de Laboratório (Abimo).
No período de janeiro a maio deste ano, o País importou cerca de US$39,5 milhões somente em tomógrafos, número 52% maior em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com o gerente de marketing estratégico do setor de Healthcare da Siemens, Reynaldo Goto, as perspectivas para o mercado são de que as importações de tomógrafos e seus componentes ultrapassem a casa dos US$ 90 milhões. “O Brasil possui 2948 tomógrafos, pouco mais de 14 aparelhos por milhão de habitantes, número semelhante ao de países de primeiro mundo”, completa o executivo.
Em 2009, o segmento de diagnóstico por imagem movimentou cerca de ? 400 milhões no Brasil. Para 2010, a entidade estima um crescimento de 10% para o setor. “Entendemos que este mercado é muito importante, não apenas por seu tamanho, mas principalmente por que a maior parte dele, cerca de 90%, é abastecido por importações. Hoje existem três associados da Abimo que fabricam localmente estes equipamentos, portanto, o potencial de mercado do segmento de diagnóstico por imagem para a indústria nacional no Brasil é muito grande”, afirma o diretor da Abimo, Fabiano Lima.
Outro ponto importante ressaltado pelo executivo foi a movimentação da indústria para a produção nacional destes equipamentos. Um dos exemplos usados pelo diretor foi a aquisição da VMI pela Philips. Lima destaca a importância da fabricação nacional de tomógrafos, mamografias e aparelhos de raios X. “Hoje, grande parte dos equipamentos que são importados são remanufaturados, portanto, na medida em que o País consegue estabelecer uma cadeia de abastecimento local, com fornecimento rápido de peças sobressalentes e mercadorias o custo desse equipamento será menor e a indústria nacional será mais competitiva”, completa.
Fornecedores
Para a Siemens o mercado de diagnóstico por imagem é extremamente promissor no Brasil e a tendência é que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias sejam cada vez maiores. “Em 2009 o setor de Healthcare da Siemens investiu US$ 3 bilhões em inovação. No Brasil o foco deste investimento foi na redução de custo dos equipamentos, menor consumo de energia e material radioativo” ressalta Goto.
Desde 2001 a empresa produz no Brasil a mesa de raios X Multix B, um equipamento voltado para a produção de imagens gerais. O aparelho é capaz de realizar exames de tórax, crânio, coluna, abdômen e membros, superiores e inferiores do corpo, independente da posição do paciente.
Uma das novidades apresentadas pela Siemens Healthcare este ano foi o tomógrafo Somaton Definitiom AS+. O equipamento conta com um sistema que reduz a dose de radiação emitida diminuindo os riscos da exposição aos raios-X. Outra inovação contida no tomógrafo é a 4D Adaptive Spiral, tecnologia que possibilita a realização de exames funcionais em órgãos inteiros, permitindo a observação do fluxo sanguíneo do coração e demais vasos, bem como perfusões volumétricas.
Atualmente a Siemens possui um terço do mercado nacional de tomógrafos e cerca de 25% do mercado de raios-X. Uma das estratégias da empresa para aumentar sua participação no segmento é a expansão em sua rede de manutenção, automação dos processos fabris e o investimento em capital humano. “Temos planos para a construção de uma nova planta no Brasil, mas ainda estamos em faze de análise”, completa Goto.
Um dos principais players do mercado de diagnósticos por imagem no Brasil, a multinacional holandesa Philips estima crescer cerca de 12% em 2010 somente nas áreas de mamografia e raio X. Este crescimento está atrelado a uma série de ações executadas pela empresa e também pelo aumento na demanda por equipamentos médicos digitais nas áreas de radiologia.
Um dos grandes investimentos feito pela Philips no Brasil foi a aquisição da VMI, empresa nacional fabricante de equipamentos voltados à medicina nuclear, há pouco mais de dois anos. A compra da companhia possibilitou a multinacional holandesa à produção local de equipamentos analógicos de diagnóstico por imagem. Após a compra da VMI a Philips aposta agora na nacionalização de ressonâncias e tomógrafos. “Estamos em um momento de conversão, onde a empresa passa a produzir, também, aparelhos de mamografia e raios-X digitais”, afirma o Gerente da área de tomografia e mamografia para o Brasil, Nelson Vicari.
Atualmente a Philips destina ao segmento nacional de healthcare cerca de os US$ 30 milhões em investimentos.
Além de aumentar a produção nacional de equipamentos para diagnósticos por imagem, uma das estratégias da empresa para aumentar sua participação no mercado nacional é ampliar e melhorar a parte de serviços. Dentro dessa estratégia a multinacional tem investido no relacionamento com o cliente. “A Philips está descentralizando suas estruturas para que todas aquelas funções que fazem interface com o cliente estejam geograficamente próximas aos a eles” ressalta o gerente geral da área de healthcare para o Brasil, Wilson Monteiro.
Mesmo com a crescente demanda por equipamentos digitais a linha analógica de raio X da Philips ainda corresponde à boa parte de suas vendas no Brasil. “Nosso carro chefe hoje é uma maquina que produzimos nacionalmente, herdada da empresa que adquirimos, chamada Compacto Plus, na área de mamografia a Philips deverá lançar até o final do ano um equipamento de mamografia digital, mas assim como ocorre com os raios-X, as mamografias analógicas ainda são as mais vendidas”, completa Vicari.
Com uma fábrica recém inaugurada em Contagem, interior de Minas Gerais, a GE Healthcare busca aproximar do mercado produtos mais acessíveis à realidade brasileira. De acordo com a companhia, estes produtos irão atender as necessidades primárias da população brasileira.
De acordo com a GE Healthcare, os componentes dos equipamentos produzidos serão importados e montados na unidade fabril em Minas Gerais. “Após o desenvolvimento, validação e certificação de todos os fornecedores de componentes locais a GE estará pronta para fabricar seus equipamentos nacionalmente. Ainda não há prazo definido para começarmos a fabricar 100% dos equipamentos no Brasil, pois o processo de certificação dos fornecedores segue padrões demorados e rigorosos de qualidade”, afirma a diretora de raios-X da GE Healthcare, Rima Allamedine. “Para não perder tempo aguardando essa burocracia a GE decidiu, neste primeiro momento, importar os componentes e montar os equipamentos aqui” completa.
O que o setor enfrenta?
Mesmo apresentando números positivos e cada vez mais investimentos o cenário nacional não é um mar de rosas para a indústria de equipamentos de diagnósticos por imagem.
Para a produção de tomógrafos, raios-X ou mamografias que utilizam componentes importados, a variação cambial e as altas taxas impostas pelo governo influenciam diretamente no preço dos equipamentos obrigando a indústria a repassar o custo ao cliente que sobre com os baixos reembolsos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelas operadoras de saúde. “Isso realmente inviabiliza a comercialização, por exemplo, quando você tem um equipamento analógico que custa US$50 mil contra um digital de US$250 mil sendo que os reembolsos continuam sendo os mesmos, R$60, isso acaba tornando a compra de um equipamento mais moderno inviável”, explica Rima.
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