na época de Hipócrates,havia pouco instrumental e o sucesso da assistência
dependia quase inteiramente do conhecimento do médico, hoje não se imagina a
prática sem acesso a equipamentos de última geração, medicamentos e
procedimentos complexos e sofisticados.Neste 18 de outubro, Dia do Médico, cabe
lembrar, contudo, que a tecnologia, sozinha, não resolve todos os problemas da
saúde. Se usada de forma incorreta, pode até mesmo trazer prejuízos.
É
verdade que todo esse aparato foi desenvolvido para apoiar o profissional na
tomada de decisão e oferecer qualidade de vida ao paciente. O resultado, porém,
depende das formas de aquisição, conservação e manejo de equipamentos e insumos.
No já clássico relatório ToErrisHuman, publicado em 1999 pelo Instituteof
Medicine (IoM), erros na administração de medicamentos, falha em equipamentos e
ruídos de comunicação são apontados, entre outros, como responsáveis pelas
mortes de quase 100 mil pessoas por ano e custos de pelo menos US$ 17 bilhões,
somente nos Estados Unidos.
Uma
das principais conclusões da publicação, que se mantém atual apesar de passados
15 anos de seu lançamento, é que tais erros não devem ser atribuídos a pessoas,
mas, sim, a processos inadequados e condições que levem a falhas, como
armazenagem de substâncias altamente tóxicas com outras de uso mais
corriqueiro. É o que se vê frequentemente nos noticiários: troca de soro por
vaselina, perfluorcarbono no lugar de contraste, suplemento alimentar em vez do
medicamento…
O
mesmo relatório pontua que o processo de medicação é um exemplo em que a
aplicação de melhores sistemas trará melhor desempenho humano. Os erros de
medicação agora ocorrem frequentemente em hospitais, mas muitos não estão
fazendo uso de sistemas conhecidos para melhorar a segurança.
Daquela
época até agora, pouco mudou. Ainda se faz caça às bruxas em casos de erros,
frequentemente culpando os profissionais pelos danos causados ao paciente, e os
investimentos dos provedores de serviços de saúde em automação de processos,
logística e tecnologias que garantam que o paciente certo, receba o
medicamento certo, na hora e dose certas ainda são baixos, quando não
inexistentes.
É urgente mudar essa mentalidade, direcionar melhor os
investimentos e trabalhar para que, de fato, a segurança assistencial esteja em
primeiro lugar. Só assim o médico poderá atuar com tranquilidade e eficiência
para entregar seu maior valor: a excelência no cuidado ao paciente.
Para finalizar, deixamos uma frase da publicação do IoM, para
inspirar os players de saúde a buscar a melhoria contínua em todos os processos
que tragam impacto na qualidade assistencial:
Pode ser parte da natureza humana errar, mas também é parte da
natureza humana criar soluções, encontrar alternativas melhores e enfrentar os
desafios à frente.
Feliz Dia do Médico!