Quando instituíram o Dia do Amigo, achei que era mais uma jogada do comércio. Depois, fiquei sabendo que na
América Latina, a data foi criada pelo médico argentino Enrique Ernesto Febbraro, quando o homem conquistou
a lua, em 20 de julho de 1969. Febbraro enviou cerca de quatro mil cartas para diversos países porque considerava a
chegada do homem à lua "um feito que demonstra que se o homem se unir com seus semelhantes, não
há objetivos impossíveis".
Como ele, outros pensaram em saídas para um mundo desafiador de conquistas, paz e solidariedade.
A psicoterapeuta Doris Allen decidiu fundar o CISV (Children?s International Summer Villages), em 1946, quando
teve de responder a uma questão de seu filho que perguntou se ele teria de ser soldado quando crescesse.
Acreditando que se toda criança tivesse um amigo em cada país, ela jamais guerrearia com qualquer nação,
Doris deu sua bela contribuição para a paz. O CISV existe até hoje e promove o intercâmbio de crianças
no mundo todo em acampamentos escolares de verão. Pensando nos amigos queridos que tenho, imaginei que adoraria celebrar com eles o dia. E não precisaríamos
ceder às tentações de consumo, o encontro por si só já seria um presente para todos nós.
Afinal, quem são os amigos senão aqueles que escolhemos por afinidades? Diferentemente dos nossos membros da família,
com quem convivemos mesmo que às vezes não sejam tão legais ou especiais, os amigos, esses
seres mágicos e reais povoam a nossa vida desde a infância. Algumas crianças têm os amigos imaginários,
com quem brincam, conversam. Esses fantasiosos fazem companhia e acolhem os pequenos quando se sentem
só ou, simplesmente, quando a imaginação é fértil e existe a possibilidade de sonhar.
O que dizer, então, dos verdadeiros, que nos confortam em momentos de dor e, melhor, proporcionam diversão,
com momentos de alegria, aventura e companheirismo? Pra esses é difícil encontrar uma definição. ?Amigo é
coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito?, adoro a música, mas não quero guardar meu amigo não, quero
que ele fique colado no meu peito como um broche, quero desfilar com ele de mãos dadas, abraçá-lo em praça
pública, com ele debater e pensar em construir um mundo melhor. Amigo a gente tem de exibir e compartilhar
com outras pessoas pra que todos que amamos possam desfrutar da delícia que é se sentir querido e amar
alguém que, como você, vai entender que o comércio tem suas regras, mas a amizade tem outras, que nada
custam.
Que tal, então, fazer um chá ou abrir um vinho, convidar um amigo pra bater um papinho ou fofocar? Os homens
talvez prefiram a cerveja e o futebol ao lado do amigo. Também vale visitar aquele que está dodói e levar uma
flor, um abraço; vale um telefonema, um e-mail. Não importa o meio, o motivo, importante é o encontro nestes
tempos violentos de desencontros e dificuldades.
Feliz dia a todos os que valorizam o grande e generoso amor da amizade que pode mover mundos e pacificar
nações!