Esta é uma questão que pouco se tem discutido no Brasil. O interessante é que atualmente quase 80% dos planos vendidos são para pessoas jurídicas, e com certeza a transparências de preços passa ser estratégica para que as empresas não sejam surpreendidas com o reajuste no final da vigência do contrato.
Para ter ideia do que está acontecendo nos Estados Unidos, um grupo de trabalho composto por planos de saúde, prestadores de serviços, consumidores, grupos de empresas, grupos de médicos e outros foram convocados por uma associação especializada em gerenciamento financeiro em saúde, a HFMA: http://www.hfma.org/, para discutir a questão da transparência dos preços na saúde. A HFMA disponibilizou, há alguns dias, os princípios orientadores e recomendações para melhoria desta transparência naquele país. É uma determinação de que todos os americanos, independente se têm ou não seguro-saúde, devem receber informações precisas sobre estimativas de preços a respeito da saúde de uma fonte confiável. Esta transparência deverá ajudar as pessoas a fazerem comparações dos preços antes mesmo do serviço ser prestado. Estas informações devem ser acompanhadas de outras relevantes tais como: qualidade, segurança ou resultados na saúde. O racional por trás disso tudo está em ajudar os consumidores a avaliar o valor de um serviço de saúde.
As principais recomendações deste grupo de trabalho são as seguintes:
Os Planos de Saúde são os que estão em melhor posição de informar os seus membros a respeito do preço total estimado do serviço. Eles devem ajudar seus beneficiários a estimar os custos que terão de desembolsar.
Os Hospitais podem servir de fonte de informações de preços para as pessoas sem plano de saúde, inclusive pontuando questões de assistência financeira que possam disponibilizar aos seus pacientes segurados ou não. Da mesma forma é fundamental que informem, de forma clara, quais os serviços que estão ou não incluídos nas estimativas divulgadas. A disseminação de seus indicadores de qualidade, principalmente relativos à segurança, deve também ser priorizada.
Os consumidores devem receber as informações de forma clara. Para tal, a associação elaborou um ?Guia do Consumidor?. Este guia está disponível no seguinte endereço: http://www.hfma.org/Content.aspx?id=22274.
Por outro lado os empregadores também têm uma função importante encorajando seus colaboradores a estarem engajados nas suas decisões de saúde.
A transparência ?empodera? os consumidores e, da mesma forma, imprime no setor uma cultura de que a qualidade e os preços impactarão diretamente na escolha que estes consumidores deverão fazer com relação ao serviço de saúde que receberão.
Nossa realidade é um pouco diferente, pois ainda estamos bastante primários em coletar e, principalmente, divulgar informações de saúde. Sem contar alguns impedimentos éticos que poderemos ter por parte dos Conselhos de Medicina, os quais podem questionar a divulgação de preços por parte dos prestadores de serviços médicos.
Temos que ter a consciência de que nós consumidores somos responsáveis pela nossa saúde e que nossas escolhas podem levar a um aumento de custo para nós mesmos ou para o sistema. Podem ter certeza que o ?sistema? não acará com este prejuízo, este, de alguma forma, sairá do nosso bolso.