Delirium é uma fonte frequente de morbidade nas Unidades de Terapia Intensiva. Trata-se de uma perturbação da consciência acompanhada por uma alteração na cognição, que não pode ser atribuída à demência preexistente ou em evolução. É uma síndrome clínica e orgânica de etiologia múltipla e frequentemente mal diagnosticada. E mais grave: pode levar ao óbito.

O distúrbio, que está diretamente vinculado às formas de sedação, será discutido no sábado (25.2), durante o IV Simpósio Pós-SCCM, promovido pela AMIB (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), em São Paulo.

O presidente da AMIB, Dr. José Mario Teles, apresentará as últimas novidades que foram expostas durante o mais importante evento de terapia intensiva do mundo, nos Estados Unidos.

Dr. José Mario Teles foi um dos autores do Estudo Multicêntrico de Delirium na América Latina, que avaliou pacientes de 102 Unidades de Terapia Selecionadas na América Latina. Na pesquisa, o Delirium foi associado à gravidade da doença aguda, diagnóstico de sepse (infecção generalizada), presença de disfunção orgânica múlltipla, uso de medidas de suporte invasivo e administração de midazolam (tipo de sedativo).

Ao todo, foram 497 pacientes avaliados e destes 32% apresentaram Delirium. Um índice muito preocupante. Segundo os dados revelados, pacientes com Delirium tiveram mortalidade maior (na UTI e no hospital) e tempo de internação prolongado, se comparados a pacientes sem Delirium.

O estudo também confirma o que já havia sido apresentado em pesquisas anteriores: o uso de benzodiazepínicos, em especial em infusão contínua e prolongada, está associado a maior frequência de Delirium e à disfunção cognitiva de longo prazo.

O estudo revelou, ainda, que a tendência é utilizar menos sedativos. De forma geral, estratégias que reduzam a exposição do paciente internado em UTIs a sedativos, em especial aos benzodiazepínicos, indicam estar associadas a menor morbidade. A alternativa, segundo profissionais que atuam nas UTIs é a substituição por sedativos de outras classes terapêuticas que garantam a sedação superficial, mantendo o paciente sempre alerta.

Durante a sua apresentação, o Dr. José Mario Teles apresentará essa alternativas No entanto, ele saliente, também, que é preciso também humanizar as UTIs. “Garantir silêncio, ciclos de luz para dia e noite, atenção às demandas individuais dos pacientes, terapia ocupacional e presença de familiares na UTI são fundamentais. Obviamente, tudo isto deve estar aliado a uma forte aderência da equipe às ‘boas práticas de sedação’, escolhendo drogas e doses de forma adequada tendo como meta redução de Delirium e da duração da ventilação mecânica”.