- Quando envolvidos diretamente, deixam de atuarnaquilo para que foram formados (atenção ao paciente) para atuar exclusivamenteem atividades de auditoria;
- Quando não envolvidos diretamente, são convocados aatuar em atividades de apontamento e registro de consumos, desviando parte dasua carga de trabalho assistencial para tarefas relacionadas à formação e auditoriade contas hospitalares;
Uma infinidade de normas e práticas de mercado foram
incorporadas à atividade hospitalar, e exigem estruturas organizacionais especializadas
e caras, que não têm lastro de remuneração, ou seja, é um custo adicional que o
sistema de remuneração SUS ou Saúde Suplementar não paga. Não se discute aqui
se é necessário ou não (todo mundo sabe que são importantes), mas sim que não
existe diferencial de pagamento pelo atendimento se o hospital pratica ou não.
Alguns exemplos:
- Programas de certificação em qualidade (ONA, JC,ISO, etc.). Se somar o custo da estrutura organizacional dedicada, mais asconsultorias e, principalmente, mais as horas de todas as áreas hospitalaresgastas nos programas, é um valor imenso. Mas se o hospital é certificado ounão, o preço pago pelos procedimentos pelo SUS ou pela Saúde Suplementar é omesmo;
- Atividades de vigilância de infecção.Independentemente do índice de infecção hospitalar do hospital, o valor pago éo mesmo;
- Controle de validade e rastreamento de insumos. Nãotemos notícia de nenhum hospital fechado pela falta de controle efetivo noBrasil, mas é sabido que nem todos fazem e alguns gastam muito para fazer nosdois casos a remuneração é a mesma.
- A tradicional carga de impostos que os produtostêm. Mesmo em hospitais que gozam de algum tipo de isenção por benemerência, amaior parte dos insumos já estão carregados de tributos nas operações anterioresà aquisição por parte do hospital. Nisso os hospitais são iguais às outrasempresas;
- O tradicional custo com logística. É sabido que o transporteno Brasil, feito quase 100 % sobre rodas e não sobre trilhos, é caro. Quando secompara o gasto com insumos em países desenvolvidos com o que se gasta noBrasil costuma-se esquecer este fator, o que pode levar alguém inadvertidamentea afirmar que o Brasil está melhor estruturado na saúde porque gasta mais cominsumos hospitalares que os demais … um grande erro a que análise feitas nasempresas dos outros segmentos de mercado estão igualmente expostas;
- O custo a que o hospital se obriga pela constantepublicação de leis e normas que regulam o segmento para dotar os atendimentosde maior qualidade. Não existe outro segmento que tenha tantas novas regras deregulação do que a saúde, sem lastro de remuneração que compense os novosprocessos. Nos demais segmentos de mercado as organizações patronais sãoatuantes e ajustam, de uma forma ou de outra, o sistema de remuneração paracompensar os novos custos. Em última instância acrescem o valor do produto aocliente, coisa que os hospitais não podem fazer em relação ao SUS, e nãoconseguem fazer em relação à saúde suplementar;
- O custo a que se obriga devido ao sistema deremuneração. Operar um hospital no sistema SUS, ou na Saúde Suplementar, oupior, nos 2 sistemas ao mesmo tempo, é muito elevado. Não só o processo deauditoria como também os próprios processos comerciais, de formação de contase, principalmente, os próprios processos assistenciais. Os que acham que bastamudar o pagamento por produção para o plano operativo (ou contratualização)no SUS ainda não se depararam com a dificuldade que os hospitais que jámigraram estão tendo depois que a receita deixou de ser apurada pela produção epassou a ser discutida politicamente sugiro que procurem estudar o que estáacontecendo com os pobres dos hospitais que caíram nessa. E na SaúdeSuplementar a ANS teima em produzir cada vez mais normas para aumentar o custodos hospitais nos últimos meses você viu alguma ação que resulte em melhoriaou só ouviu falar da ANS em relação à TISS 3.0 ?