Por Roberto Bettega
É comum na área da saúde o prolongamento da vida a qualquer custo e a cultura dominante da sociedade considera a cura da doença o principal objetivo. Por outro lado, uma grande parcela da população sofre de doenças que estão fora de possibilidade de curabilidade.
Lenta e progressivamente, as patologias vão seguindo seu curso e evoluindo até a fase final da vida.
Quantos de nós sofre de hipertensão, diabetes, cardiopatias e outras doenças crônicas com as quais temos de conviver? Nem por isso, estamos em fase terminal, mas necessitamos de cuidados contínuos, precisamos controlar a doença.
Esse é o intuito dos cuidados paliativos ao propor um modelo de atenção à saúde que respeita a vida e, principalmente, a dignidade humana.
Os cuidados paliativos devem ser oferecidos o mais cedo possível no curso de qualquer doença crônica potencialmente fatal, desde seu diagnóstico, para que não se torne difícil e nem traumatizante cuidar de seus dias de vida que ainda restam e que, em muitos casos, se prolongam muito além dos prognósticos dos céticos.
Trago comigo o testemunho de meus pacientes oncológicos que obtêm aumento da sobrevida apenas com o controle da dor e dos sintomas. Eles são o exemplo de que é possível viver mais, com maior qualidade de vida e desfrutando ao máximo do convívio de familiares e amigos até o momento da morte. E quem sabe qual será esse momento?
*Roberto Bettega é oncologista da Neo Saúde em Curitiba (PR) e diretor da Academia Nacional de Cuiados Paliativos